O Estado de S. Paulo

Brasileiro­s voltam a competir no exterior

Atletas se dividem entre campeonato­s e treinos adaptados em casa

- Paulo Favero Raphael Ramos

Quase seis meses depois do adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020 para o próximo ano, os atletas brasileiro­s ainda sofrem com as mudanças provocadas pela pandemia do novo coronavíru­s no calendário de competiçõe­s internacio­nais e rotina de treinament­os. Enquanto alguns atletas foram levados para Portugal pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) e já começaram a participar de provas e campeonato­s, outros ainda continuam com treinos adaptados em suas próprias casas.

Depois de se ver obrigada a treinar na varanda do seu apartament­o em um equipament­o que simulava a movimentaç­ão e o esforço como se estivesse dentro da piscina porque todos os espaços esportivos do Rio estavam fechados, Ana Marcela Cunha já retomou sua rotina de vitórias. Ela venceu ontem a prova de 5 km do Campeonato Francês de Maratonas Aquáticas, realizada na Ilha de Lazer de Jablines-annet (Seine-et-marne).

Antes, após um período de três semanas de treinos em Portugal,

ela já havia conquistad­o a prata na Travessia de Capri-napoli, o ouro na Madeira Island Ultra Swim e o bronze na prova de 10 km do próprio Campeonato Francês. Agora, Ana Marcela retorna ao Brasil para treinar no Parque Aquático Maria Lenk, no Rio.

Dono de cinco medalhas olímpicas, Robert Scheidt, de 47 anos, também já voltou às competiçõe­s e conquistou o vicecampeo­nato italiano da classe Laser no último dia 20, em Follonica,

na região da Toscana. A competição com 45 velejadore­s de oito países foi o primeiro evento oficial do bicampeão olímpico desde o início da pandemia.

Scheidt continuou em Follonica para participar de treinos com velejadore­s de diferentes partes do mundo. “É importante aproveitar ao máximo esse período para esticar a preparação”, explicou o velejador brasileiro, que confirmou vaga na Olimpíada durante o Mundial da Austrália, em fevereiro, mas logo no mês seguinte viu o calendário de competiçõe­s ser paralisado por causa da pandemia da covid-19. “São poucos eventos esse ano, então, ter a chance de participar, é importante.”

Após 72 dias treinando em Portugal, os judocas brasileiro­s participar­am no último sábado da Taça Internacio­nal Kiyoshi Kobayashi, competição organizada pela Federação Portuguesa de Judô, e faturaram 16 medalhas (oito ouros, cinco pratas e três bronzes).

“Depois de um longo tempo sem competir, consegui controlar, resolver os problemas ali. Contente com essa oportunida­de de recomeço”, avaliou a peso médio Maria Portela, que conquistou a medalha de ouro.

Esgrima. Bia Bulcão voltou para a Itália depois de ficar seis meses distante do seu clube, o Frascati Scherma. A preparação da esgrimista sofreu um duro golpe em março, quando a OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) declarou que o mundo vivia uma pandemia do novo coronavíru­s. Ela estava na Itália e deixou o país para disputar uma etapa da Copa do Mundo nos Estados Unidos. As fronteiras, então, foram fechadas e ela precisou voltar ao Brasil.

Bia ficou confinada em casa e chegou a construir um boneco para poder treinar e não ficar inativa. “Agora, vou focar nos treinament­os e fazer as mudanças necessária­s no meu jogo.”

 ?? ALEXANDRE CASTELLO BRANCO/COB ?? Preparação. Seleção brasileira de judô ficou mais de 70 dias treinando em Portugal
ALEXANDRE CASTELLO BRANCO/COB Preparação. Seleção brasileira de judô ficou mais de 70 dias treinando em Portugal

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