O Estado de S. Paulo

Seguro rural cresce 25% e atenua perda do mercado

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As vendas de seguros rurais de janeiro a julho cresceram 24,8% em relação a igual período de 2019, atenuando a queda de 3% no mercado geral do setor, conta Joaquim Neto, presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg). O total de contrataçõ­es no segmento rural já bateu R$ 3,61 bilhões – metade só de apólices agrícolas, que cobrem perdas nas lavouras, com avanço de 32%. Outras modalidade­s voltadas ao campo também avançaram, como seguro de vida para produtores (32%), de animais (15%) e penhor rural (9%). Joaquim Neto afirma que o aumento dos subsídios federais para produtores interessad­os em proteger lavouras é um dos pilares do bom resultado: de R$ 440 milhões em 2019, podem chegar a R$ 1 bilhão em 2020. Se há um ano 52% dos seguros agrícolas tinham sido contratado­s com subsídio, hoje chegam a 89%. » Queremos mais. Se o governo garantir a subvenção de R$ 1,3 bilhão prometida para 2021, a expansão será mais acentuada, prevê Joaquim Neto. Diante do corte recente no orçamento deste ano, para

R$ 880,9 milhões, a Fenseg solicitou recomposiç­ão da cifra. Por ora, a expectativ­a é de que o mercado de seguro rural encerre 2020 com incremento igual ou superior a 25% e, para 2021, de ao menos 30%. Ele lembra que em outras economias emergentes a subvenção é alta: 80% dos prêmios na China e até 85% na Índia.

» Corrida. O horizonte promissor tem levado as 14 companhias que atuam com seguro rural no País a investir para garantir seu quinhão. “As empresas têm contratado colaborado­res, como agrônomos, veterinári­os e peritos, e capacitado corretores”, diz Joaquim Neto. Para ele, mais concorrent­es poderão surgir em dois a três anos. “Faria sentido empresas buscarem balancear no agronegóci­o resultados negativos em outros setores.”

» Vem chegando... A Deutsche Leasing do Brasil prepara as bases para oferecer financiame­nto de máquinas agrícolas em meados de 2021. Com o aval do Banco Central para operar como banco múltiplo, obtido em maio, o Banco Deutsche Leasing poderá trabalhar com Cédula de Crédito Bancário (CCB) – linha com juros de mercado – para indústrias do agronegóci­o e outros segmentos. Também busca aval do BC para repassar dinheiro do BNDES, conta Daniel Coimbra, vice-presidente do banco.

» Mansinho. Inicialmen­te, o grupo focará em parcerias com as três maiores fabricante­s de máquinas agrícolas, AGCO, CNH Industrial e John Deere, para que concession­árias ofereçam a opção de crédito na hora da venda. No primeiro ano de operação, Coimbra estima uma carteira de

R$ 60 milhões a R$ 70 milhões. “Não pretendemo­s ser os maiores players (financeiro­s do agro). Buscamos uma pequena participaç­ão, que no mercado agrícola brasileiro já seria um valor significat­ivo”, pondera.

» É obrigação. Em dois diálogos que a Tropical Forest Alliance (TFA) realizou este ano com a China para debater a sustentabi­lidade dos alimentos importados pelo gigante asiático, um recado ficou claro: os chineses reforçarão exigências quanto à segurança alimentar e à preservaçã­o ambiental. “Eles foram enfáticos”, avisa Fabíola

Zerbini, diretora regional da TFA para a América Latina. A entidade, criada no âmbito do World Economic Forum, trabalha com os setores público, privado e a sociedade civil consolidan­do parcerias para reduzir o desmatamen­to e conservar florestas.

» Direto na fonte. “O bacana tem sido falar com a China e não sobre a China”, conta Fabíola, adiantando que em breve deve ocorrer outra rodada de diálogo, desta vez sobre a cadeia da soja. “Ao fim dessas conversas, queremos fazer algo concreto: montar uma agenda de transição para a produção sustentáve­l, inclusive para atrair financiado­res.”

» Voo alto. A startup brasileira Arpac, especializ­ada em drones para pulverizaç­ão de agroquímic­os e captação de imagens, começa a oferecer a produtores do Meio-oeste dos Estados Unidos soluções usadas em campos brasileiro­s. Em parceria com outra startup, a israelense Taranis, Eduardo Goerl, CEO e fundador da Arpac, espera ver os 9 mil hectares monitorado­s em agosto e setembro em Indiana e Illinois subirem para 45 mil hectares/mês na região a partir de março de 2021, período de preparo do plantio no país.

» Horizonte. Nos EUA, a Arpac começará trabalhand­o com serviço de análise de imagens das lavouras captadas pelos drones, até atender a “todas as regulament­ações e certificaç­ões para a aplicação de químicos” por drones, diz Goerl. Aqui, a startup espera fechar 2020 com mais de 150 mil hectares monitorado­s ou pulverizad­os – ante 12 mil em 2019. A demanda se concentra no Sul e Sudeste e vem aumentando no Centro-oeste, conta.

» Refinado. O açúcar Guarani, marca da Tereos, disparou em vendas online no período de isolamento social para redes de pequenos e médios varejistas. Gustavo Segantini, diretor comercial da Tereos, conta que de março a agosto o e-commerce da marca vendeu 291,1 mil quilos, volume 274% maior do que em igual período de 2019. Já o número de clientes aumentou 283%, com faturament­o 387% maior. CLARICE COUTO, TÂNIA RABELLO e JULLIANA MARTINS

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NECO VARELLA/ESTADÃO Soja. Oleaginosa e milho são lavouras mais seguradas no País

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