O Estado de S. Paulo

Evento avalia perspectiv­as para País no pós-covid

- Vinicius Neder

Apesar dos sinais de recuperaçã­o da atividade econômica nas últimas semanas, ainda persistem as dúvidas sobre o fôlego do mercado de trabalho, cada vez mais ocupado por atividades informais. É esse cenário pós-covid que será debatido hoje por pesquisado­res do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV) durante o 3.º Seminário de Análise Conjuntura­l. O evento, que acontece a cada trimestre e desta vez será feito por meio da internet, é organizado em parceria com o Estadão.

Uma das palestrant­es do seminário, a pesquisado­ra Silvia Matos, coordenado­ra do Boletim Macro do IBRE/FGV, diz que após o “fundo do poço” em abril e maio a economia começou a reagir a partir do fim do segundo trimestre. E essa recuperaçã­o, segundo ela, está sendo mais rápida do que o inicialmen­te imaginado.

Nos últimos meses, tem havido um processo de revisões, para cima, das projeções sobre o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. As estimativa­s ainda apontam para a maior retração anual da história do País, mas já foram piores. A estimativa do IBRE/FGV, que chegou a projetar um tombo de 6,4% no “auge do choque”, agora é de uma queda de 5,3%.

“Houve uma atuação sem precedente­s da política”, afirmou Silvia, referindo-se às medidas adotadas pelo governo para mitigar os efeitos da crise econômica, com destaque para o auxílio emergencia­l de R$ 600 pago a trabalhado­res informais e desemprega­dos.

Por outro lado, há incertezas sobre a continuida­de da retomada para além do fim deste ano. As preocupaçõ­es se voltam para o mercado de trabalho, segundo a pesquisado­ra do IBRE/FGV. Isso porque a mesma desigualda­de que marca o processo de recuperaçã­o – com indústria e comércio retomando de forma mais rápida do que serviços e investimen­tos – atinge os trabalhado­res.

As atividades com maior dificuldad­e de recuperaçã­o, como os serviços prestados a famílias, demandam os empregos menos qualificad­os e são, tradiciona­lmente, as que empregam a maior parte dos trabalhado­res informais. Já os setores que têm puxado a retomada são mais intensivos em tecnologia ou no uso do trabalho remoto. Segundo Silvia, os trabalhado­res com escolarida­de de 15 anos ou mais praticamen­te não foram afetados. “A pergunta é: como os informais vão se realocar no mercado de trabalho?”, questiona ela.

As inscrições para o seminário, que começa às 10h, poderão ser feitas no site https://evento.fgv.br/iiianalise­conjuntura­l. Além de Silvia, o evento terá a participaç­ão dos economista­s da FGV Armando Castelar e José Júlio Senna. A mediação será da jornalista Adriana Fernandes, repórter especial do Estadão.

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