O Estado de S. Paulo

Dólar a quatro reais? Só depois da vacina

Especialis­tas projetam valorizaçã­o da moeda brasileira após eleições nos Estados Unidos e controle da covid-19

- Thiago Lasco

A corrida pela descoberta de uma vacina contra a covid-19 vem alternando avanços e retrocesso­s, com testes clínicos frustrados e pesquisas científica­s apontando novas esperanças. Para o mercado de moedas, as frequentes inversões de sinal fazem as expectativ­as alternarem entre um cenário mais positivo e outro mais negativo. E isso muda todo o comportame­nto das demais divisas perante o dólar americano.

Em caso de avanços concretos ou mesmo a chegada da vacina, o real e as demais moedas emergentes ganham força perante o dólar. Além disso, os contratos futuros de compra de euro e venda de dólar têm tendência de alta. Ou seja, o dólar perde força nesse cenário.

Por outro lado, um cenário de expectativ­as mais negativas faz a moeda americana subir perante todas as demais moedas. Para Victor Hugo Cotoski, gestor de novos negócios da inglesa Infinox Capital, tudo isso se resume a uma busca menor ou maior por proteção.

“No calor da crise, a tendência do dinheiro dos investidor­es é migrar para títulos 100% seguros. Os mais procurados são os bonds do Tesouro norteameri­cano, em que a chance de calote é praticamen­te zero”, diz o gestor da Infinox Capital.

Para onde vai o real? Na opinião do gestor da Infinox, três fatores poderiam ajudar o real a se valorizar perante o dólar: um cenário político mais favorável, com o andamento das reformas, sobretudo a administra­tiva; a mudança da taxa básica de juros para patamares mais elevados; e avanços concretos no controle da covid-19.

“Ainda que os juros subam, em caso de ruído político muito grande, como um impeachmen­t, nem com juros de 10% o estrangeir­o vai querer investir em um país sem governança política, com risco exagerado”, pondera Cotoski.

Já o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, está convicto de que o fortalecim­ento da moeda brasileira é apenas uma questão de tempo. Havendo um cenário de melhora sanitária sem a descoberta da vacina, ele calcula que o dólar recuará para uma faixa entre R$ 4,80 e R$ 5,20 logo após a eleição presidenci­al americana.

Se houver vacina, porém, a projeção é ainda mais otimista, com dólar entre R$ 4 e R$ 4,70, faixa que ele considera o “preço de equilíbrio” da moeda.

“O cenário de privatizaç­ões é muito positivo, pois gera receita para os cofres do governo, alivia o déficit público e tira pressão sobre o dólar”, diz Velloni.

 ?? GARY CAMERON/REUTERS – 14/11/2014 ?? Efeito da crise. Dólar americano se valorizou frente ao real
GARY CAMERON/REUTERS – 14/11/2014 Efeito da crise. Dólar americano se valorizou frente ao real

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