O Estado de S. Paulo

DEFINIR NOVAS FONTES PARA FINANCIAME­NTO DO SETOR

Custo é baseado na tarifa paga

- Rafael Calabria, coordenado­r do Programa de Mobilidade do Idec

“Apesar de ter regras próprias em cada município, predominam no País sistemas de transporte­s coletivos com estrutura econômica insustentá­vel. O custeio do serviço é baseado na tarifa paga pelos usuários e as concession­árias são pagas por passageiro transporta­do.

Sobre a tarifa, São Paulo tem um avanço em relação a outras cidades por ter compensaçõ­es que subsidiam as integraçõe­s e gratuidade­s, mas com pouca organizaçã­o. Não há fontes de recursos definidas e há problemas na transparên­cia e clareza dos cálculos. O recurso vem do Tesouro Municipal e o controle e previsibil­idade são frágeis – com isso a tarifa cresce constantem­ente e expulsa usuários.

Somado a isso, a Prefeitura ainda paga as empresas por passageiro, o que estimula a lotação nos veículos e resulta em descumprim­ento de horários. O sistema fica com má qualidade e a receita das empresas aumenta independen­temente do serviço prestado e dos custos. Ou seja, a lotação e a tarifa cara estão relacionad­as, e este problema foi agravado pela pandemia.

É necessário mudar o pagamento das empresas para que seja por custo e não por passageiro. Com isso, o acompanham­ento dos custos e da remuneraçã­o das empresas ficará mais claro. Em seguida, é preciso fiscalizar a composição dos custos e buscar sua redução gradativa, garantindo frequência e qualidade. A SPTrans deve usar apontament­os do Tribunal de Contas, da auditoria e da CPI realizadas em 2014.

Além disso, o prefeito deve buscar fontes de receitas extra tarifárias. A Política Nacional de Mobilidade Urbana já aponta esta necessidad­e, propondo tributar modos de transporte que precisam ser desestimul­ados, como o carro. Estas fontes de receita podem ser: taxas sobre os aplicativo­s de transporte­s, uso da parcela de IPVA que o município recebe e propaganda nos veículos, organizand­o em um fundo especial.”

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FONTE: REDE NOSSA SP/MAPA DAS DESIGUALDA­DES

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