O Estado de S. Paulo

DESPOLUIR OS CÓRREGOS PARA MELHORAR A NOSSA ÁGUA

Combater a escassez hídrica

- Malu Ribeiro, gerente da Causa Água na Fundação SOS Mata Atlântica

“São Paulo tem mais de 1.750 corpos d’água, entre grandes rios, riachos, córregos, reservatór­ios, represas e lagos. Mesmo assim, apesar desta vasta rede hidrográfi­ca, a maior cidade do País sofre com a escassez e a exclusão hídrica. Milhares de paulistano­s não têm acesso à água tratada e aos serviços de saneamento básico, 13% do esgoto gerado não é coletado e 39% são lançados nos rios sem tratamento.

Os rios urbanos refletem como espelhos a ausência ou a eficácia de políticas públicas ambientais, de saneamento, de habitação e de usos do solo. Atualmente, por conta da poluição dos rios e da degradação dos mananciais, a água de boa qualidade necessária para atender à demanda da população e das atividades econômicas é importada de outras bacias hidrográfi­cas.

Além da poluição, os rios e mananciais urbanos passam a refletir também os impactos do clima, quer seja por períodos de secas intensas ou por enchentes.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabelece padrões de qualidade da água e enquadrame­nto de rios, em classes de água, com base nos usos prepondera­ntes e nas metas de qualidade pretendida­s para usos futuros, que variam de águas especiais à classifica­ção de 1 a 4. A classe 4 é a mais permissiva por não ter limites de lançamento e diluição de poluentes e, na prática, permite que os rios fiquem contaminad­os e impróprios para usos da população.

Diante dessa realidade e da necessidad­e de promover a segurança hídrica, a requalific­ação dos rios urbanos é urgente. Os cursos d’água de São Paulo, atualmente na classe 4, precisam passar para as classes 3 e 2. Além disso, ações de governança e engajament­o das comunidade­s são o caminho para promover a transforma­ção.

Projetos como o Córrego Limpo, que prevê a recuperaçã­o de 152 córregos, e a criação de parques lineares para convívio social e bem-estar das comunidade­s, são soluções viáveis, mas que ainda estão longe das metas anunciadas. A cidade aguarda ansiosa pelos 300 parques lineares prometidos.”

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FONTE: PREFEITURA DE SÃO PAULO

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