O Estado de S. Paulo

Oposição a bolsonaris­ta reúne de DEM a PSOL na capital do Ceará

Coalizão em torno de Sarto (PDT) o leva a vantagem de 22 pontos porcentuai­s sobre Capitão Wagner (Pros), diz Ibope

- Bruno Ribeiro

Fortaleza terá hoje um segundo turno nacionaliz­ado. De um lado, um candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, o Capitão Wagner (Pros). De outro, José Sarto (PDT), que conseguiu reunir partidos como DEM, PSDB, PT e PSOL no mesmo grupo. Mas a pesquisa Ibope divulgada no início da noite de ontem mantinha o pedetista Sarto numa situação confortáve­l, com 61% de votos válidos, contra 39% de Wagner.

No começo deste ano, Wagner foi apontado como apoiador do motim promovido por uma parte dos policiais do Estado, quando PMs encapuzado­s percorrera­m ruas da capital e de cidades do interior, mandando o comércio fechar as portas. Exército e Força Nacional foram para o Ceará, e o candidato atuou na negociação, envolvendo o então ministro da Justiça Sérgio Moro. No fim, 168 PMs foram expulsos, incluindo o exdeputado Cabo Sabino, aliado do capitão.

Embora Bolsonaro tenha citado em uma de suas lives semanais, que apoiava “um capitão lá” em Fortaleza, o candidato negou que fosse “bolsonaris­ta”. Seu programa de governo evitou caracterís­ticas extremista­s e falava na construção de “pactos”. Wagner buscou associar sua imagem a Moro, que gravou um vídeo para o candidato. Na mensagem, Moro diz que não participa das eleições e destaca que não vota em Fortaleza, mas descreve a atuação do deputado federal nas negociaçõe­s para encerrar o motim.

O apoio direto do presidente, na campanha, virou arma para o rival do PM reformado. Ressaltand­o a disposição “para o diálogo”, Sarto se valeu também do fato de ser o candidato dos governos municipal e estadual e apoiado pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT) para fazer uma campanha em que seu rosto dividiu espaço na campanha com uma série de rostos conhecidos do eleitorado.

Além de contar com uma coligação que incluiu dez partidos (como PSDB, PSD, PSB e DEM), no segundo turno ele obteve o apoio do governador Camilo Santana (PT) e de partidos como PSOL e PCdoB. Figuras como Tasso Jereissati (PSDBCE), Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEMRJ) declararam apoio a Sarto.

O pedetista tem sete mandatos seguidos na Assembleia Legislativ­a do Ceará. Atualmente, é o presidente da Casa. Por ser o candidato da situação, ao longo da campanha teve de comentar duas ações promovidas pela Polícia Federal em órgãos da prefeitura, em investigaç­ões sobre irregulari­dades na compra de respirador­es e outros equipament­os médicos. A prefeitura chegou a processar um dos fornecedor­es.

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