O Estado de S. Paulo

Vacina não altera número de óbitos no curto prazo

- Philip Bump / W. POST É JORNALISTA

Em breve, os EUA começarão a vacinação em massa. O objetivo é ter um número grande de indivíduos imunes, para que o vírus não se espalhe facilmente, uma meta que levará meses para ser alcançada. Nesse ínterim, quantos americanos morrerão? Hoje, experiment­amos mais mortes por covid do que em qualquer momento da pandemia – seja em razão de falhas individuai­s em adotar medidas de segurança ou por causa da inação do governo federal e dos Estados.

O número diário de mortes já excede a quantidade de americanos mortos nos ataques de 11 de setembro de 2001. Na quinta-feira, o diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Robert Redfield, sugeriu que o número seguirá alto pelos próximos 60 ou 90 dias. A razão principal é que o número de infecções não foi contido – e o total de casos e de mortes estão relacionad­os. À medida que os casos aumentam, também aumentam as mortes, embora com atraso.

É fácil identifica­r a ligação. Um aumento de 1,8% de casos já causa um cresciment­o no número de mortes algumas semanas depois. A defasagem é de cerca de 26 dias entre um período e outro. Ou seja, se os EUA continuare­m neste ritmo, de 3 mil mortes diárias, até 1.º de janeiro teremos mais de 3,5 mil mortes por dia.

A Universida­de de Washington tem uma projeção menos sombria e calcula que o número médio de mortes por dia permanecer­á abaixo de 3,2 mil. Essa estimativa, porém, já não reflete o que os EUA estão vivendo. Mesmo se a taxa de novas infecções começar a diminuir imediatame­nte, a proporção entre novos casos e mortes significa que 360 mil americanos terão morrido até o ano-novo. A Universida­de de Washington coloca o número total de mortes, no fim de janeiro, em 400 mil.

É importante ressaltar que muito do que está por vir já está posto, é inevitável. Combine isso com o fato de que a vacina será ministrada lentamente e temos um quadro de curto prazo desolador. “A realidade é que a aprovação da vacina nesta semana não vai causar nenhum impacto nos próximos 60 dias”, disse Redfield.

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