SP decide restringir horário de bares e ampliar o do comércio.
Meta é tentar evitar aglomeração, sobretudo de jovens; governo ainda decidiu ampliar de 10 para 12 horas o funcionamento do comércio
Diante da alta de casos de covid-19 no Estado, o governo de São Paulo anunciou ontem novas medidas restritivas para bares, restaurantes e lojas de conveniência. Como o Estadão adiantou, a gestão estadual decidiu reduzir o horário de funcionamento dos bares para até as 20 horas (até agora, eles podiam ficar abertos até as 22 horas).
Os restaurantes poderão continuar funcionando até as 22 horas, mas a venda de bebida alcoólica só poderá ser feita até as 20 horas. A mesma regra valerá para as lojas de conveniência de postos de gasolina. As medidas têm como objetivo reduzir aglomerações geralmente protagonizadas por jovens.
Por outro lado, o governo decidiu ampliar de 10 para 12 horas o período de funcionamento dos comércios para evitar um acúmulo de clientes nas mesmas faixas de horário, principalmente durante o período de compras de fim de ano. As medidas começam a valer já à meia-noite de hoje e terão duração de 30 dias, prorrogáveis por mais um mês. “Bares e eventos de lazer noturnos são locais mais propícios para transmissão do vírus, por isso o centro de contingência detectou uma necessidade de medidas mais duras para esses locais para que a gente possa reduzir a transmissibilidade da doença. A população jovem está se expondo mais e, depois, em casa, acaba transmitindo aos mais velhos, aos idosos", justificou João Gabbardo, membro do centro de contingência.
O secretário Estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, destacou que, ao contrário do início da pandemia, a maior demanda por leitos neste momento é de pessoas de 30 a 50 anos, e não de idosos, como era de março a novembro. Ele apresentou números preocupantes sobre o avanço da pandemia no Estado. Houve aumento de 23,6% na média diária de novos casos e de 30,3% na média diária de novos óbitos por covid no Estado entre as semanas epidemiológicas 47 (de 15/11 a 21/11) e 49 (29/11 a 5/12). No mesmo período, o número médio de internações subiu 15,5%. “Ainda estamos em quarentena. Se sairmos, temos de ter responsabilidade: evitar as aglomerações, fazer uso adequado da máscara, promover higienização das mãos. Vamos passar um fim de ano muito diferente daquele que passamos nos últimos anos, mas isso vai valer a pena porque, muito em breve, teremos a vacina. Só ela será capaz de ter a possibilidade de voltar ao normal, de podermos abraçar e expressar amor e carinho pelas pessoas. Hoje, expressar amor e carinho é o distanciamento, principalmente
para aqueles que são mais vulneráveis", disse o secretário.
Mesmo com o aumento de casos, óbitos e internações, o secretário afirmou que os números estão bem mais baixos do que os registrados no período de pico da pandemia no primeiro semestre. Na ocasião, a taxa de ocupação das UTIS chegou a 92% na Grande São Paulo (em maio) e a 69% em todo o Estado (em junho). Hoje, os mesmos índices estão em 64,4% e 58,4%, respectivamente. "Não estamos esperando índices alarmantes para agir", disse Gorinchteyn.
Sobre a ampliação do horário do varejo de 10 para 12 horas, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) informou em nota que isso deve contribuir para a recuperação da economia. “É o melhor período para vendas e entendemos não ser justo com o comércio a manutenção da redução de seu horário de funcionamento", informou.
Fiscalização. A fiscalização de bares, festas e outros eventos noturnos será intensificada, com a atuação de mil fiscais, principalmente em cidades com mais de 70 mil habitantes. De acordo com Maria Cristina Megid, diretora da Vigilância Sanitária, já foram feitas 1,2 mil autuações até agora por aglomerações ou não uso de máscara em estabelecimentos comerciais. Ela recomendou que a população evite regiões de comércio popular que vêm registrando superlotação, como o Brás. “Deixem suas compras para depois, porque não há fiscalização que segure aquela situação”, afirmou ela. O Estadão foi ao centro e verificou aglomerações (mais informações nesta página). Denúncias podem ser feitas pelo telefone 3065-4666 ou pelo e-mail específico: secretarias@cvs.saude.sp.gov.br.
Rodízio. A Prefeitura de São Paulo divulgou nesta sexta-feira que manterá a realização do rodízio municipal de veículos nos dias úteis, de segunda a sexta-feira (exceto nos feriados), durante todo o mês de dezembro e em janeiro. As demais restrições para veículos pesados e afins também seguirão em operação normalmente.
O comunicado da gestão não especifica se a decisão foi motivada pelo aumento das taxas da covid-19 no Estado. Em anos anteriores, o rodízio foi suspenso na cidade entre o fim de dezembro e o início de janeiro.