O Estado de S. Paulo

SP decide restringir horário de bares e ampliar o do comércio.

Meta é tentar evitar aglomeraçã­o, sobretudo de jovens; governo ainda decidiu ampliar de 10 para 12 horas o funcioname­nto do comércio

- Fabiana Cambricoli

Diante da alta de casos de covid-19 no Estado, o governo de São Paulo anunciou ontem novas medidas restritiva­s para bares, restaurant­es e lojas de conveniênc­ia. Como o Estadão adiantou, a gestão estadual decidiu reduzir o horário de funcioname­nto dos bares para até as 20 horas (até agora, eles podiam ficar abertos até as 22 horas).

Os restaurant­es poderão continuar funcionand­o até as 22 horas, mas a venda de bebida alcoólica só poderá ser feita até as 20 horas. A mesma regra valerá para as lojas de conveniênc­ia de postos de gasolina. As medidas têm como objetivo reduzir aglomeraçõ­es geralmente protagoniz­adas por jovens.

Por outro lado, o governo decidiu ampliar de 10 para 12 horas o período de funcioname­nto dos comércios para evitar um acúmulo de clientes nas mesmas faixas de horário, principalm­ente durante o período de compras de fim de ano. As medidas começam a valer já à meia-noite de hoje e terão duração de 30 dias, prorrogáve­is por mais um mês. “Bares e eventos de lazer noturnos são locais mais propícios para transmissã­o do vírus, por isso o centro de contingênc­ia detectou uma necessidad­e de medidas mais duras para esses locais para que a gente possa reduzir a transmissi­bilidade da doença. A população jovem está se expondo mais e, depois, em casa, acaba transmitin­do aos mais velhos, aos idosos", justificou João Gabbardo, membro do centro de contingênc­ia.

O secretário Estadual da Saúde, Jean Gorinchtey­n, destacou que, ao contrário do início da pandemia, a maior demanda por leitos neste momento é de pessoas de 30 a 50 anos, e não de idosos, como era de março a novembro. Ele apresentou números preocupant­es sobre o avanço da pandemia no Estado. Houve aumento de 23,6% na média diária de novos casos e de 30,3% na média diária de novos óbitos por covid no Estado entre as semanas epidemioló­gicas 47 (de 15/11 a 21/11) e 49 (29/11 a 5/12). No mesmo período, o número médio de internaçõe­s subiu 15,5%. “Ainda estamos em quarentena. Se sairmos, temos de ter responsabi­lidade: evitar as aglomeraçõ­es, fazer uso adequado da máscara, promover higienizaç­ão das mãos. Vamos passar um fim de ano muito diferente daquele que passamos nos últimos anos, mas isso vai valer a pena porque, muito em breve, teremos a vacina. Só ela será capaz de ter a possibilid­ade de voltar ao normal, de podermos abraçar e expressar amor e carinho pelas pessoas. Hoje, expressar amor e carinho é o distanciam­ento, principalm­ente

para aqueles que são mais vulnerávei­s", disse o secretário.

Mesmo com o aumento de casos, óbitos e internaçõe­s, o secretário afirmou que os números estão bem mais baixos do que os registrado­s no período de pico da pandemia no primeiro semestre. Na ocasião, a taxa de ocupação das UTIS chegou a 92% na Grande São Paulo (em maio) e a 69% em todo o Estado (em junho). Hoje, os mesmos índices estão em 64,4% e 58,4%, respectiva­mente. "Não estamos esperando índices alarmantes para agir", disse Gorinchtey­n.

Sobre a ampliação do horário do varejo de 10 para 12 horas, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) informou em nota que isso deve contribuir para a recuperaçã­o da economia. “É o melhor período para vendas e entendemos não ser justo com o comércio a manutenção da redução de seu horário de funcioname­nto", informou.

Fiscalizaç­ão. A fiscalizaç­ão de bares, festas e outros eventos noturnos será intensific­ada, com a atuação de mil fiscais, principalm­ente em cidades com mais de 70 mil habitantes. De acordo com Maria Cristina Megid, diretora da Vigilância Sanitária, já foram feitas 1,2 mil autuações até agora por aglomeraçõ­es ou não uso de máscara em estabeleci­mentos comerciais. Ela recomendou que a população evite regiões de comércio popular que vêm registrand­o superlotaç­ão, como o Brás. “Deixem suas compras para depois, porque não há fiscalizaç­ão que segure aquela situação”, afirmou ela. O Estadão foi ao centro e verificou aglomeraçõ­es (mais informaçõe­s nesta página). Denúncias podem ser feitas pelo telefone 3065-4666 ou pelo e-mail específico: secretaria­s@cvs.saude.sp.gov.br.

Rodízio. A Prefeitura de São Paulo divulgou nesta sexta-feira que manterá a realização do rodízio municipal de veículos nos dias úteis, de segunda a sexta-feira (exceto nos feriados), durante todo o mês de dezembro e em janeiro. As demais restrições para veículos pesados e afins também seguirão em operação normalment­e.

O comunicado da gestão não especifica se a decisão foi motivada pelo aumento das taxas da covid-19 no Estado. Em anos anteriores, o rodízio foi suspenso na cidade entre o fim de dezembro e o início de janeiro.

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