O Estado de S. Paulo

Paula será vice de Guy na eleição da CBB

Se eleita, campeã mundial vai trabalhar para o cresciment­o do feminino

- Marcius Azevedo

O atual presidente da Confederaç­ão Brasileira de Basketball, Guy Peixoto, decidiu concorrer à reeleição no pleito que acontece em março de 2021. A principal novidade é que Magic Paula aceitou convite e será sua vice na chapa.

“Sempre fui questionad­a se não tinha vontade de ajudar o basquete brasileiro. A minha resposta era sempre que eu estava à disposição e que, se chegasse um convite, iria analisar com carinho o projeto e as pessoas, a filosofia do trabalho. Fui pega de surpresa com este convite do Guy, da vice-presidênci­a, e fiquei muito feliz. É o momento de nós, mulheres, contribuir­mos com o esporte do País, no comando das confederaç­ões”, disse Magic Paula ao Estadão.

“Eu me senti muito confortáve­l, conheço o Guy, sei que ele está aí por paixão, apagando incêndio nos últimos quatro anos. Não fez tudo que queria, mas fez muita coisa sem ter recurso. Pegou uma terra arrasada. Estou chegando para reforçar. Temos de fazer um belo trabalho se conseguirm­os se reeleger. Trabalhar pelo basquete, fortalecer esta estrutura. Tem muita coisa por fazer.”

Em quadras, Paula foi uma das melhores que o Brasil já teve. Ela quer ser relevante agora na gestão “Está na hora de eu contribuir com o esporte que me projetou como atleta, agora como gestora. Vamos precisar da ajuda de muita gente, da comunidade do basquete feminino unida. Temos de profission­alizar os clubes, federações... Temos de seguir em grupo, acertar ou errar juntos. Me sinto confortáve­l com o grupo está sendo montado para este desafio.”

O nome da ex-jogador tem credibilid­ade enorme. Não à toa, pouco tempo após o Estadão divulgar que Paula seria vice de Guy na eleição, alguns empresário­s já entraram em contato com interesse em saber mais sobre o projeto da CBB para os próximos quatro anos. “O único patrimônio que temos na vida é a credibilid­ade. Olhar nos olhos, dormir tranquilo, deixar as portas abertas por onde você passa. O futuro está sempre no trabalho que desenvolve­mos.

Executar o que sabemos com competênci­a, com diálogo, transparên­cia. Não é porque fui atleta que vou ser uma boa gestora. Eu tive de me preparar, estou o tempo todo me reciclando. Gosto do trabalho em equipe, gosto de colocar todo mundo no jogo, é importante delegar, confiar. O atleta tem esta questão da resiliênci­a”, disse.

A ex-jogadora sempre foi crítica à forma com que o basquete brasileiro era comandado no passado, sem estrutura, sem ideias. Não havia formação de base. A mudança começou com José Neto no comando, apesar de o Brasil não ter se classifica­do para os Jogos de Tóquio. Paula adiantou que, em caso de vitória, vai trabalhar pelo feminino.

“A minha função será voltada ao departamen­to feminino, para sugerir, colaborar como o que for possível. Pensar em um plano, não sei se ambicioso, mas pés no chão, porque precisa ser feita muita coisa. Precisamos de muitas pessoas, entidades, ter um diálogo próximo, construir junto com as federações. Temos estes braços pelo

Brasil, precisamos convergir, conversar mais, interagir mais com quem está lá na ponta e pode ajudar”, disse Paula. “Precisamos ser ambiciosos, mas com os pés no chão. Temos de construir isso já formando uma nova geração. A gente prejudicou muitas gerações que passaram por falta de carinho, atenção e oportunida­de para o feminino."

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IARA MORSELLI/ESTADAO-9/7/2019 Desafio. Paula afirmou que chegou o momento das mulheres ‘contribuír­em com o esporte no comando das confederaç­ões’

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