O Estado de S. Paulo

Governo deve propor limite de R$ 232 bi para déficit em 2021

Mudança acontece depois de alerta do TCU de que meta flexível poderia configurar crime de responsabi­lidade

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli

O governo Jair Bolsonaro deve propor ao Congresso Nacional uma meta de déficit primário de R$ 232 bilhões para 2021, segundo informou ao Estadão/broadcast uma fonte da equipe econômica.

Esse deve ser o limite do rombo nas contas públicas no ano que vem, em quanto as despesas poderão superar as receitas, antes do pagamento dos juros da dívida. Neste ano, o déficit deve ficar em R$ 844,6 bilhões, segundo projeções oficiais, por causa do aumento dos gastos relacionad­os à pandemia do novo coronavíru­s.

O valor da meta de 2021 foi definido em reunião na quintafeir­a passada da Junta de Execução Orçamentár­ia (JEO), colegiado que decide diretrizes relacionad­as às contas públicas.

A proposta de meta fixa será enviada ao Congresso Nacional para modificaçã­o do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentár­ias (LDO) do ano que vem, que tem previsão de ser votada na próxima quarta-feira.

No envio do projeto original da LDO, em abril, o governo decidiu não determinar uma meta fixa e acabou propondo uma meta flexível (que dependeria apenas do resultado da arrecadaçã­o, respeitado o limite de despesas do teto de gastos, a regra que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação). As razões eram as incertezas naquele momento com a pandemia da covid-19.

No mês passado, o Tribunal de Contas da União fez um alerta de que a não fixação de uma meta específica era inconstitu­cional e feria a Lei de Responsabi­lidade Fiscal (LRF). O governo resolveu não correr o risco de ser acusado de crime de responsabi­lidade e vai enviar a mudança ao Congresso.

Junto com a mudança da meta, o governo também deve rever a grade de parâmetros macroeconô­micos. No último boletim da Secretaria de Política Econômica, responsáve­l por essas projeções, a estimativa de cresciment­o do PIB em 2021 era de 3,2%. Já a previsão do IPCA havia passado de 2,94% para 3,23%.

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UESLEI MARCELINO / REUTERS Opção. Equipe do ministro Guedes queria propor meta flexível para contas do próximo ano

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