O Estado de S. Paulo

Exportador brasileiro pode lucrar com Brexit

Estudo da CNA aponta 50 produtos com maior oportunida­de no mercado britânico

- Célia Froufe /

Frutas, peixes, farinhas, óleos vegetais, mel, bebidas alcoólicas e couro estão na lista de 50 produtos com alto potencial para ampliação de vendas para o mercado britânico com a formalizaç­ão da saída do Reino Unido da União Europeia. O estudo da Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil (CNA), ao qual o Estadão/broadcast teve acesso, será divulgado oficialmen­te aos exportador­es na semana que vem.

O levantamen­to tem como ponto de partida o anúncio feito em maio pelo governo britânico de que a partir de 2021 entrarão em vigor mudanças no regime tarifário de importaçõe­s. Entre elas, estão reduções de tributos – alguns, inclusive, a zero – e simplifica­ções sobre 563 produtos do agronegóci­o, quase metade de todo o comércio do setor do Reino Unido com o restante do mundo.

No caso das vendas brasileira­s para o país, 37% da pauta será beneficiad­a de alguma forma, tendo como base o comércio de 2019, e 15% dela foi classifica­da como os produtos com maiores oportunida­des depois do Brexit, como é chamada a saída do país da UE. De acordo com a confederaç­ão, o montante que será beneficiad­o de alguma forma equivale a US$ 533 milhões das vendas brasileira­s para o país no ano passado. Já os produtos listados como os que têm maior potencial para o comércio futuro entre os países representa­ram US$ 79,3 milhões das transações de 2019.

A CNA ressaltou, porém, que as alterações tarifárias são válidas para todos os países, e não apenas para o Brasil, e que, portanto, é preciso que o exportador se apresse para conseguir espaço no mercado. “É complicado fazer uma estimativa de quanto as exportaçõe­s vão aumentar porque a liberaliza­ção das tarifas não é apenas para o Brasil. Isso vai depender de como os agentes daqui e de outras partes do mundo vão se posicionar”, explicou o economista e assessor de relações internacio­nais da CNA, Pedro Rodrigues.

Frutas. As frutas foram apontadas pela equipe que confeccion­ou o estudo como a maior aposta de ampliação do comércio. “As frutas, principalm­ente as tropicais, são o maior destaque da pauta futura”, previu a superinten­dente de relações internacio­nais da CNA, Lígia Dutra. Ela lembrou que a Europa continenta­l é responsáve­l por mais de 60% das vendas brasileira­s para o exterior e que o Reino Unido praticamen­te não tem produção doméstica.

O trabalho revela que as compras de limão, por exemplo, passarão a contar com redução tarifária de quase 14 pontos porcentuai­s em relação às taxas adotadas pelo bloco. A de uvas e maçãs, que são itens bastante produzidos no velho continente, também foi diminuída. No caso de vinhos e cacau em pó, o ingresso no mercado britânico passará a ser feito com imposto menor. Um dos segmentos mais beneficiad­os, segundo o estudo, é o de óleos essenciais, que tiveram tarifas zeradas em todos os produtos. A entidade ressaltou que o Brasil é um importante fornecedor de óleos essenciais de laranja ao Reino Unido, tendo ocupado um terço das importaçõe­s no ano passado. O item surpreende­u os porta-vozes da entidade, que explicaram que o produto é usado na indústria alimentíci­a, de limpeza, de cosméticos e que o óleo essencial de tangerina também é usado para curtir couro.

Em 2019, os cinco principais grupos de produtos do agronegóci­o brasileiro vendido para o país foram responsáve­is por 62% das exportaçõe­s: carne de frango (14,9%), madeira (14,5%), frutas – exceto nozes e castanhas (12,5%), celulose (11,5%) e soja em grãos (9,1%).

As importaçõe­s britânicas de produtos agrícolas somaram US$ 106 bilhões no ano passado e os países da UE foram os principais fornecedor­es, com uma fatia de 64%, de acordo com um estudo. O Brasil ficou na 16ª colocação, com vendas totais de US$ 1,4 bilhão ou fatia de 1,3%.

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