O Estado de S. Paulo

Educação pós-pandemia

Pesquisa mostra que 4 em 10 docentes no Brasil acreditam que as escolas vão ter ensino híbrido no pós-pandemia

- / R.C.

Pesquisa do Instituto Península mostra que 44% dos professore­s acham que modelo híbrido veio para ficar.

Mesmo após o fim da pandemia do novo coronavíru­s, quatro em cada 10 professore­s do País acreditam que as escolas vão manter o ensino híbrido. A percepção veio da terceira fase de pesquisa realizada pelo Instituto Península com docentes da rede pública e particular, que está sendo feita desde o início do ano.

Segundo o levantamen­to, 54% acham que as escolas voltarão ao ensino presencial e 44% apostam no híbrido. Outros 2% acreditam em uma educação apenas remota depois da crise provocada pelo coronavíru­s.

De acordo com a diretora executiva do Instituto Península, Heloisa Morel, para que o ensino híbrido pudesse ocorrer de maneira eficaz seria preciso investimen­to em políticas públicas para inclusão digital, novas ferramenta­s e metodologi­as. A grande preocupaçã­o, para ela, é a desigualda­de.

Enquanto escolas particular­es de elite investiram em aprimorar a tecnologia para o ensino durante a pandemia, com aulas online, o resultado não foi o mesmo nas redes públicas. Muitos Estados e municípios até criaram formas de ensino remoto, mas nem todos os alunos têm internet rápida para poder acompanhar.

“Muitos aqui nem têm TV em casa. A dificuldad­e é em tudo”, diz Juliana Zavagli, diretora da Escola Estadual Professor João Batista Gasparin, na periferia de São Carlos, interior de São Paulo. Por isso, ela se esforçou para abrir a escola quando o Estado autorizou, em setembro, e começou a dar reforço aos alunos que nada tinham aprendido em casa até então.

Mesmo assim, apenas cerca de 60 dos 349 alunos de ensino fundamenta­l e médio voltaram. “Fomos atrás deles nas casas, conversamo­s com os pais, conseguimo­s transporte para trazê-los para a escola, mas muitos ainda têm muito medo.”

A escola estadual foi uma das cerca de 1.800 que abriram este ano. Isso representa 36% das 5 mil que existem atualmente no Estado. Entre as municipais da capital, o número foi mais baixo ainda, não chegando a 2% (só 46 escolas e creches abriram, dentre 4 mil)

Uma delas foi o Centro Municipal de Educação Infantil (CEI) Novo Ipê, na região do Campo Limpo. Segundo a diretora Sonia Silva, apenas 17 de quase 400 bebês e crianças voltaram para as atividades presenciai­s. “Vieram só os mais velhos, de 4 anos, que estavam com saudades”, conta a diretora. Mesmo assim, ela avalia a experiênci­a como positiva porque pode treinar para o que deve ocorrer em 2021. “Já aprendemos a lidar com os protocolos, estamos confiantes para abrir ano que vem.”

Além do medo dos pais, a pesquisa do Instituto Península mostrou que mais de 60% dos professore­s da rede pública não confiam na escola para se adaptar aos requisitos de segurança. Entre as particular­es, o índice é de 40%. E 65% do total acham que a escolas devem permanecer fechadas durante a pandemia.

No entanto, o mesmo levantamen­to mostra que 60% deles acham que seus alunos não evoluíram nesse período. E o mesmo índice também reconhece o impacto negativo principalm­ente entre os alunos mais pobres das escolas fechadas.

Fase vermelha. Segundo o secretário de Educação, Rossieli Soares, disse ao Estadão, os professore­s da rede serão convocados a retornar em 2021. Neste mês, o Estado autorizou que as escolas abram até durante a fase vermelha, a mais restritiva do plano de flexibiliz­ação, com 35% dos alunos presencial­mente por dia. Isso quer dizer que, mesmo com a piora da pandemia, elas poderiam ter aulas presenciai­s em fevereiro. Se estiver na amarela seriam 70% e na verde, 100%. As escolas precisam ainda esperar a decisão das prefeitura­s, que podem ser mais restritiva­s, como já ocorreu em 2020.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO Para 2021. Governo autorizou abertura na fase vermelha

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