Mais inovação, maior resistência às crises
Maior autonomia de produção, maior produtividade graças à automação, flexibilidade na linha de produtos, com maior eficácia na resposta às variações da demanda e das necessidades de mercado, e capacidade de preservação do ritmo de produção mesmo em tempos de isolamento social estão entre os fatores que permitiram às empresas mais inovadoras do setor industrial alcançar, em média, melhor desempenho que as demais durante a crise iniciada em março.
Como mostrou reportagem do Estado, as chamadas indústrias 4.0 demonstraram maior resistência à crise da pandemia e alcançaram melhores resultados. São aquelas que mais incorporaram tecnologias digitais ao seu sistema de produção, gerenciamento e vendas, e estão mais aptas para enfrentar os desafios de competitividade que a modernização impôs a todos os países.
De acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o segmento tecnologicamente mais avançado da indústria lucrou mais e algumas empresas desse grupo até ampliaram seu quadro de pessoal em relação ao período pré-pandemia.
É um desempenho completamente diferente do apresentado pelo restante do setor produtivo, com exceção do agronegócio. Reduções de jornada e de salários foram medidas que muitas empresas brasileiras utilizaram no período crítico da recessão provocada pela pandemia. A produção e as vendas foram, em geral, fortemente afetadas e nem mesmo os números expressivos da recuperação observados nos últimos meses têm sido suficientes para compensar o que se perdeu no primeiro semestre.
A pesquisa da CNI com cerca de 500 indústrias de todos os portes constatou que 54% das que adotaram de uma a três tecnologias digitais na produção conseguiram lucro igual ou maior do que no período que antecedeu à pandemia. O resultado é 7 pontos porcentuais melhor do que o apresentado pela indústria analógica.
Também com relação às contratações o desempenho das mais inovadoras é melhor. Dessas, 30% aumentaram o quadro de pessoal em relação aos números da pré-pandemia. Entre as que adotaram robótica avançada, 37% aumentaram o pessoal.
Outra constatação da pesquisa talvez surpreenda: o uso de mais tecnologia demanda mão de obra mais qualificada e pode até contribuir para aumentar o nível de emprego.