Bancos só liberam crédito com rastreamento
Uma das formas apontadas como a mais eficiente para mitigar o desmatamento ilegal é fechar a torneira de crédito para quem burla a lei. Os bancos brasileiros, preocupados com as metas do conceito ESG (dos setores ambiental, social e de governança, na sigla do inglês) estão acompanhando de perto esse indicador. Além do rastreamento, as instituições financeiras, que se uniram em julho para tratar de soluções para preservar a Amazônia, têm conversado com produtores para tentar solucionar a questão.
O executivo Christopher Wells, superintendente executivo de risco socioambiental do Santander, diz que as práticas vêm melhorando e que, todos os anos, o banco faz um relatório detalhado das empresas que estão em seu portfólio – são mais de duas mil.
No dia a dia, uma das ferramentas usadas para rastrear a cadeia é a Trase. “Por lá é possível saber onde os traders de soja fazem suas compras e é possível identificar se há muito desmatamento. Se há, acende o sinal de alerta”, diz Wells.
O relatório gerado nesse núcleo é enviado ao comitê de crédito do Santander. Wells conta que, há 18 anos, quando fez o primeiro pente fino, uma madeireira foi excluída da carteira de crédito do banco. Pouco tempo depois voltou a ser cliente, ao se regularizar.
Como o risco ambiental pode estar nos fornecedores, bancos começaram a incluir a terceirização em cláusulas de seus contratos de financiamento. “Um dos itens avaliados pela abordagem de risco socioambiental é adoção de práticas de gestão da cadeia de fornecedores. Além disso, todos os contratos de financiamento incluem cláusulas que estendem as obrigações aos fornecedores”, diz o diretor de controladoria do Bradesco, Oswaldo Tadeu Fernandes.
No segmento de atacado do Bradesco, onde são atendidas as empresas, os clientes com maior exposição ao crédito e que atuam em setores de maior risco sob a ótica socioambiental, como: mineração, óleo e gás, energia, agricultura e pecuária, são analisados individualmente. “A avaliação gera uma nota que passa a compor o rating socioambiental da empresa, utilizado no processo de análise e decisão de crédito”, comenta Fernandes.
Na semana passada, o Conselho de Autorregulação da Federação dos Bancos (Febraban) aprovou a revisão dos compromissos de autorregulação voltadas à gestão dos riscos socioambientais. A atualização incorporou temas ESG. A análise do risco socioambiental no crédito rural foi reforçado com um dispositivo que exige a inexistência de embargos ambientais impostos pelo Ibama.