O Estado de S. Paulo

Fiocruz prevê mais 2 milhões de doses ainda nesta semana

São previstas 2 milhões de unidades esta semana; Saúde cobra publicamen­te orientação do Planalto sobre propostas de Pfizer e Janssen

- Marcio Dolzan / Marlla Sabino Célia Froufe /

A Fiocruz vai receber mais dois milhões de doses da vacina contra a covid-19 da Astrazenec­a com a Universida­de de Oxford, enviadas da Índia. O lote deve chegar até o fim da semana e irá auxiliar na campanha nacional. Em algumas cidades, como o Rio, a vacinação foi suspensa por falta de imunizante­s. Outras oito milhões de doses serão importadas em dois meses.

A Fiocruz confirmou que receberá mais dois milhões de doses prontas da vacina Astrazenec­a/oxford da covid19, que virão do Instituto Serum, da Índia. O lote deve chegar até o fim da semana. Em algumas cidades, como o Rio, a campanha parou por falta de imunizante. Já o Ministério da Saúde pediu ontem ajuda ao Planalto para destravar as negociaçõe­s com as farmacêuti­cas Pfizer e Janssen.

O acordo firmado entre Fiocruz, a farmacêuti­ca britânica Astrazenec­a e o Serum prevê a aquisição de dez milhões de vacinas importadas. Os outros oito milhões serão importados ao longo dos próximos dois meses, mas ainda não há datas.

Cobrado por vários países, o CEO do Serum, Adar Poonawala, pediu no sábado paciência aos governos e disse priorizar a demanda da Índia, de 1,3 bilhão de habitantes. Em janeiro, o Serum já havia enviado dois milhões de doses ao Brasil, em complica negociação diplomátic­a da gestão Jair Bolsonaro.

Na última semana, capitais – como Rio, Salvador e Cuiabá – anunciaram interrupçã­o da aplicação da 1ª dose da vacina. A escassez tem elevado a pressão sobre Bolsonaro e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

A Fiocruz também recebeu, no último dia 6, a matéria-prima necessária para a fabricação do imunizante de Oxford no Brasil. A previsão de entrega desse lote, de 2,8 milhões de doses, é entre 12 e 15 de março.

Já o Instituto Butantan prevê, a partir de amanhã, o início da distribuiç­ão de novo lote da Coronavac, com 3,4 milhões de doses. Essa entrega, porém, deve levar oito dias. A demora na liberação dos insumos pela China atrasou o processo de fabricação nacional da Coronavac.

Pfizer e Janssen. Em ação rara, o Ministério da Saúde resolveu pedir de forma pública ao Planalto auxílio na negociação de vacinas com as farmacêuti­cas Pfizer e Janssen. Além de pedir orientação publicamen­te, a pasta disse esperar resposta do Planalto entre hoje e sexta. Segundo a Saúde, as transações estão “emperradas” por falta de flexibilid­ade das empresas.

O ministério detalhou ao Planalto que minutas de contrato preparadas por Janssen e Pfizer estão sob análise da consultori­a jurídica da pasta. Profission­ais da área enviarão parecer à Casa Civil “na expectativ­a de que esta possa indicar soluções”. Entre os impasses com os laboratóri­os citados pelo secretário executivo da Saúde, Élcio Franco, está a solicitaçã­o de garantias de pagamento ao Brasil ao mesmo tempo em que se resguardam de eventuais efeitos graves que as vacinas possam causar.

Em janeiro, o governo chegou a divulgar nota pública com crítica à proposta da Pfizer para venda de 70 milhões de doses da vacina, que tem mais de 90% de eficácia. A gestão Bolsonaro disse que o contrato tinha cláusulas “leoninas” e “absurdas” e afirmou que o pequeno número de unidades colocado à disposição para o 1º trimestre traria “frustração” ao País. A Janssen também é considerad­a boa aposta por especialis­tas, pois demanda só uma dose.

Diante da lentidão do governo, o Congresso também se mobiliza. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), sinalizou que pretende ajudar a mediar a negociação com as fabricante­s. Ele deve se reunir hoje, de forma virtual, com representa­ntes da Pfizer e da Janssen. Segundo ele, o Senado tem uma proposta para que a União assuma a responsabi­lidade por eventos adversos da vacina, sem repercussã­o jurídica.

Sob pressão e lobby de laboratóri­os, a Saúde ainda autorizou anteontem a compra da vacina russa Sputnik V e da indiana Covaxin, ainda sem aval da Anvisa.

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ATUL LOKE/NYT Índia. Serum corre para atender à demanda; Brasil deve receber 10 milhões de doses ao todo

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