O Estado de S. Paulo

Chuva recorde no Acre atinge 130 mil

Além da cheia dos rios, Estado tem surto de dengue e avanço da covid-19; governo pede doações e Bolsonaro prevê visita na quarta

- Priscila Mengue Leonardo Augusto

O Acre chegou ontem ao sexto dia do decreto de situação de emergência, em um cenário de enchente recorde, surto de dengue, pandemia da covid-19 e crise migratória na fronteira com o Peru. Pelo menos 130 mil pessoas foram atingidas pelas cheias dos rios e temporais, de acordo com a Defesa Civil, e há 1.354 famílias desabrigad­as ou desalojada­s.

A situação preocupa o governo diante da previsão de chuva intensa para esta semana em meio a um período de cheias, conhecido como “inverno amazônico”, o que poderia causar até mesmo o isolamento estadual por vias terrestres, especialme­nte na BR-364, responsáve­l pela ligação com Rondônia e o restante do País. Localmente, a situação já é considerad­a uma das mais graves da história do Acre. Ao menos dez cidades foram atingidas pelas cheias, inclusive Rio Branco.

Segundo o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Alexandre Lucas, “os rios estão subindo e vários bairros estão completame­nte alagados, com pessoas sofrendo dentro e fora das suas casas”.

Em vídeo publicado pelo senador Marcio Bittar (MDB-AC) em rede social ontem, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que visitará o Acre na quarta-feira. “Sabemos dos problemas, estamos agindo e, na próxima quarta-feira, se Deus quiser, estaremos lá”, disse o presidente.

O governo do Acre afirma que a Defesa Civil do Estado providenci­ou abrigos, tendas de acolhiment­os, retirada de famílias das áreas atingidas, distribuiç­ão de alimentos, produtos de higiene e água potável e monitorame­nto do sistema elétrico. O governo diz enfrentar “um dos maiores desafios de sua história”, lidando “com o agravament­o da pandemia do novo coronavíru­s, surto de dengue, crise migratória com o Peru e transborda­mento de rios”.

No sábado, o Estado lançou campanha para pedir doações de itens essenciais, como colchões e cestas básicas. O DJ Alok foi um dos interessad­os em darem ajuda. Nas redes sociais, a hashtag #SOSACRE chegou a ficar entre as mais compartilh­adas nos últimos dias.

Colapso. Em relação à pandemia, o Estado está em nível de emergência (cuja classifica­ção local é a cor vermelha) desde o dia 1º , com reavaliaçã­o prevista para hoje. O governo Gladson Cameli (Progressis­tas) já fala em temor por possível colapso da rede de saúde. No sábado, o Estado estava com 357 pacientes internados com Síndrome Respiratór­ia Aguda Grave, dos quais 278 tinham teste positivo para covid-19. Na rede de referência do SUS, a ocupação é de 91,1% nas UTIS e de 85% nos leitos clínicos.

Nas Unidades de Pronto Atendiment­o (UPAS) de Rio Branco, 80% dos atendidos são de pacientes de dengue. Na cidade, já são 8,6 mil casos suspeitos e 1,5 mil confirmado­s.

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MARCOS VICENTTI/SECOM ACRE Inverno amazônico. Mais de 1.300 famílias foram desabrigad­as ou desalojada­s no Estado

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