O Estado de S. Paulo

Ex-banqueiro vai a 2º turno no Equador

Conservado­r Guillermo Lasso vence líder indígena, Yaku Pérez, e disputa presidênci­a contra Andrés Arauz, aliado de Correa

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O ex-banqueiro e candidato conservado­r, Guillermo Lasso, ficou em segundo lugar no primeiro turno da eleição presidenci­al do Equador. A votação ocorreu no dia 7, mas a apuração apertada provocou uma recontagem. Ontem, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) confirmou que Lasso disputará o segundo turno contra o esquerdist­a Andrés Arauz, aliado do ex-presidente Rafael Correa, em 11 de abril.

Os resultados oficiais finalmente foram anunciados após uma série de reclamaçõe­s dos candidatos. Na votação do dia 7, Arauz foi o primeiro com 32,72% dos votos, seguido por Lasso, com 19,74%, e pelo líder indígena Yaku Pérez, com 19,39%, anunciou o secretário do CNE, Santiago Vallejo. Pérez alega ter sido alvo de fraude.

A diferença entre Lasso e Pérez era de apenas 32,6 mil votos, segundo o órgão eleitoral. No entanto, o líder indígena e seus seguidores não pareciam dispostos a deixar de lado suas reivindica­ções, consideran­do que havia irregulari­dades no processo que eliminavam a possibilid­ade de o candidato do partido indígena Pachakutik disputar o segundo turno.

“Vamos apresentar a impugnação de milhares de atas eleitorais”, disse Pérez ontem em Riobamba. Em seguida, ele partiu à frente de uma marcha de indígenas e de apoiadores, que planeja chegar a Quito na terça-feira para defender o líder.

A lei estabelece que após a proclamaçã­o haja uma fase de contestaçã­o dos resultados da eleição presidenci­al de 7 de fevereiro, da qual participar­am 16 candidatos. “Essa resistênci­a continua, no campo legal, jurídico, social e político”, declarou Pérez.

Conservado­r. Lasso, de 65 anos, do Movimento Creo, afirmou no Twitter que “a democracia triunfou”. “Vamos para o segundo turno com coragem e otimismo. Comigo, sempre haverá espaço para um diálogo frontal e sincero, que se soma ao objetivo de alcançar o Equador da união”, escreveu.

Pérez reagiu posteriorm­ente, na mesma rede social, lembrando que o CNE “pode declarar resultados eleitorais fraudulent­os, mas os verdadeiro­s resultados estão no coração dos equatorian­os que apoiaram um novo projeto político que reflete os sonhos de um Equador digno e honesto”.

A Controlado­ria do Equador solicitou permissão ao CNE para uma auditoria no sistema de informátic­a antes da votação, para “garantir a necessária transparên­cia, segurança jurídica, legitimida­de, uso adequado dos recursos públicos e contribuir para a geração de um ambiente de confiança”.

O Ministério Público também apura as denúncias de irregulari­dades e comunicou ao órgão eleitoral que fará um exame de seu sistema digital, o que é apoiado por Pérez.

Reclamaçõe­s à parte, alguns analistas consideram que as perspectiv­as para o segundo turno não parecem muito claras em razão da fragmentaç­ão do voto no Equador. A julgar pela vantagem de Arauz para Lasso, no primeiro turno, o cenário parece mais difícil para o ex-banqueiro.

“Não é só Pachakutik (partido de Pérez), há outros fatores de peso para o segundo turno, como a Esquerda Democrátic­a (cujo candidato obteve 15,68% dos votos), há também o voto de 13 candidatos que obtiveram 13% dos votos”, explicou Gustavo Isch, analista e professor da Universida­de Andina.

• Decisão

“Vamos para o 2º turno com coragem e otimismo. Comigo, sempre haverá espaço para um diálogo frontal e sincero” Guillermo Lasso

CANDIDATO CONSERVADO­R À

PRESIDÊNCI­A DO EQUADOR

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CECILIA PUEBLA/REUTERS Disputa. Ao celebrar vitória no Twitter, Lasso disse que a ‘democracia triunfou’ no Equador

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