O Estado de S. Paulo

‘Não é hora de aumentar imposto de itens que estão na mesa de todos’

- Rodrigo Marinheiro, gestor de Relações Institucio­nais da Apas / MÁRCIA DE CHIARA

Ainflação dos produtos vendidos nos supermerca­dos paulistas desacelero­u em janeiro para 1%, após alcançar 2,2% em dezembro, segundo o Índice de Preços dos Supermerca­dos, calculado pela Associação Paulista de Supermerca­dos (Apas) e a Fipe. Esse movimento, no entanto, está longe de ser um ciclo de queda de preços, na avaliação do gestor de Relações Institucio­nais da Apas, Rodrigo Marinheiro. Isso porque itens importante­s como as carnes e os queijos, dos tipos mais comuns como muçarela, prato e minas, que já tiveram aumento de ICMS em meados de janeiro, terão novo reajuste de imposto em 1.º de abril. “Não é hora de aumentar imposto de itens que estão na mesa de todos”, diz.

• Como estão os preços dos produtos vendidos nos supermerca­dos?

Em janeiro, tiveram uma desacelera­ção. Fecharam com alta de 1%, depois de terem atingindo 2,2% em dezembro. O resultado de janeiro poderia ter sido menor se não tivesse ocorrido o aumento da alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria­s e Serviços) em meados do mês. Até 14 de janeiro, o ICMS das carnes estava em 4,5% e dos queijos muçarela, prato e minas em 12%. No dia 15, o ICMS da carne subiu para 4,7% e desses queijos para 13,3%. Se não tivesse tido esse aumento de imposto a alta de preço desses produtos teria sido bem menor. E, no caso da carne suína, que houve deflação, ela teria sido mais significat­iva.

• A desacelera­ção dos preços em janeiro é tendência?

No geral, está longe de ser um ciclo de queda de preços. É mais uma acomodação das cotações que tem a ver com pressão menor das exportaçõe­s e também com o fim do auxílio emergencia­l. As pessoas já não têm mais aquele ímpeto de consumo e pensam duas vezes antes de comprar. Mas temos no horizonte uma nova rodada de aumento de impostos para 1.º de abril. A alíquota do ICMS sobre as carnes sobe para 5,5% e sobre os queijos, para 18%.

• Os supermerca­dos vão repassar esse aumento de imposto para o preço? Desde o início da pandemia estamos com margem de lucro muito pequena. Não temos como absorver tudo. Por isso, somos contra qualquer tipo de aumento de imposto, sobretudo neste momento de tanto desemprego. Não é hora de aumentar imposto de itens que estão na mesa de todos.

• Como resolver essa questão? Esses aumentos estão programado­s em decretos baixados pelo governo do Estado de São Paulo no fim de 2020. Nós esperamos que o governo volte atrás e revogue esses decretos.

 ?? RODRIGO MARINHEIRO-10/2/2021 ??
RODRIGO MARINHEIRO-10/2/2021

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil