Diversificar carteira pode ser ‘antídoto’ à volatilidade na Bolsa
Para analistas, a estratégia é crucial para mitigar riscos e deixar portfólio menos volátil, reduzindo exposição a ingerências em estatais
A interferência no comando da Petrobrás é o segundo episódio de ingerência do governo do presidente Jair Bolsonaro nas estatais. Em janeiro, o plano de reorganização do Banco do Brasil, que pretendia desligar mais de 5 mil funcionários e fechar 112 agências, também não agradou o presidente. Bolsonaro chegou a ameaçar a demitir o presidente da instituição, André Brandão, mas reverteu a decisão depois de o ministro da Economia, Paulo Guedes, colocar panos quentes na situação.
Essas investidas do governo na gestão das empresas em que é o maior controlador geram um mar de incertezas no mercado, causando insegurança principalmente aos pequenos investidores. Para especialistas, a diversificação da carteira é crucial para mitigar os riscos no portfólio e deixá-lo menos volátil.
Para Bettina Roxo, estrategista-chefe da Rico Investimentos, a diversificação internacional é imprescindível nesses momentos. “Ter uma parcela dos seus investimentos vivendo a realidade de outras geografias é perfeito para reduzir impactos como o deste episódio”, diz.
Há duas vantagens de investir em outros países. A primeira é o fato de os investimentos serem feitos normalmente com moedas mais fortes, como o dólar. Além disso, o cardápio de ativos e empresas no exterior é muito mais amplo do que os disponíveis no Brasil.
Desconto. Na avaliação de Anderson Meneses, presidente da Alkin Research, quem investe em estatais precisa ter em mente que elas já negociam com desconto e isso é intrínseco ao mercado brasileiro, justamente por estarem sujeitas à influência do Estado. “Esse desconto em relação às companhias do mesmo setor é atrativo para alguns. Para outros, é justificado pelo risco de interferência do governo”, diz.
Na opinião de Meneses, o investidor tem de ponderar qual o seu horizonte de investimento. “Se ele quer algo de curto prazo, tem de ficar preso às expectativas do governo atual. Mas, se o pensamento for de longo prazo, é necessário analisar a empresa como um todo, principalmente como ela se comportou em outros governos”, diz.
Espera. Tomar decisões no calor do momento nunca é uma boa opção, principalmente quando o assunto são ações. Segundo Ilan Arbetman, analista de pesquisa da Ativa Investimentos, para o investidor que já tinha a Petrobrás na carteira, é sempre bom dar um tempo ao mercado antes de comprar ou vender. “O momento é de cautela e de aguardar o que poderá ser feito daqui para frente.”
Já para aqueles que cogitam ir às compras, Arbetman alerta para o investidor prestar atenção nos riscos que planeja correr para não ter surpresas desagradáveis. “Não é em momentos de maiores volatilidades que a pessoa tem que entrar em determinadas posições”, diz.
Ao montar uma carteira de investimentos não existe um porcentual de alocação exato para cada tipo de ativo. Essa quantidade é geralmente determinada pelo perfil do investidor e de quanto ele está disposto a correr risco.
“Caso você goste de empresas estatais, a ideia é limitar a exposição, deixar cerca de 7% a 10% na carteira. Assim, mesmo se ocorrerem problemas no curto e médio prazo, a carteira como um todo vai sobreviver no longo prazo”, diz João Vitor Freitas, analista da Toro.