O Estado de S. Paulo

Troca na Petrobras abala imagem e deprecia títulos

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As debêntures (títulos que representa­m dívida) da Petrobras, emitidas no início de 2019 com grande sucesso, não escaparam da baixa que atinge ações e bonds (títulos de dívida emitidos no exterior) da petroleira nesta semana, por conta do anúncio do presidente Jair Bolsonaro de mudança no comando da estatal, atualmente presidida por Roberto Castello Branco (foto). O spread – taxa que representa o prêmio que investidor­es exigem para correr o risco de ter o papel em suas carteiras – aumentou de 3,3% para 3,9%, entre a semana passada e segunda-feira. Ontem, cedeu para 3,75%. No lançamento, esses títulos atraíram R$ 10 bilhões em demanda. Emitiu-se R$ 3,6 bilhões nessas debêntures, em três séries com diferentes remuneraçõ­es, a maioria vendida a pessoas físicas.

Sujou. A queda no valor de mercado de uma empresa está diretament­e ligada ao abalo em sua imagem, o que é conhecido como “capital reputacion­al”. É o que está acontecend­o com a Petrobras, de acordo com o índice Valor, Gestão e Relacionam­ento (IVGR), da consultori­a especializ­ada em gestão de imagem de reputação Curado & Associados.

Mal na foto. A imagem da Petrobras, projetada pelos quatro principais veículos de imprensa do Brasil (O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo e Valor Econômico) é de crise, com índice de -4,66, numa escala de -5 a +5. Grau abaixo de -2 indica crise de imagem.

Reflexo. A imagem da Petrobras está qualificad­a como “vulnerável”, de acordo com análise da consultori­a. É uma imagem de fragilidad­e da empresa diante de intervençõ­es externas e vai além da estatal, afetando também outras companhias.

Em alta. A VBI Real Estate, gestora de recursos especializ­ada no mercado imobiliári­o, se prepara para investir entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões por ano no mercado de aluguel de apartament­os para universitá­rios e recém-formados.

Bolso cheio. A VBI vai concluir em 2021 o seu primeiro grande ciclo de investimen­tos. O plano trienal previa desembolso­s de R$ 500 milhões, mas os sócios elevaram o cheque para R$ 600 milhões, dada a oportunida­de. Deste total, R$ 400 milhões já foram executados.

Aquisições. O grupo comprou recentemen­te dois prédios para reformas e adaptação em São Paulo (Pinheiros) e Santos, e um terreno em Campinas para erguer um empreendim­ento. No próximo ciclo, a meta é ir além do eixo Rio-são Paulo e chegar a Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Brasília, segundo o sócio da VBI, Rodrigo Abbud.

Multiplica. Líder global em gestão de estacionam­entos, o Grupo

Indigo está com apetite para investir no Brasil. Após direcionar R$ 53 milhões na operação brasileira em 2020, a companhia pretende quadruplic­ar os aportes em 2021. A expectativ­a é que os investimen­tos superem a casa dos R$ 200 milhões em 2021, o que seria, no mínimo, cresciment­o de 277% em relação ao ano passado. » Expansão. Com sede na França e presença em 12 países, o Grupo Indigo está no Brasil há cinco anos e, em 2020, assumiu a gestão dos estacionam­entos do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e de 50 laboratóri­os de medicina diagnóstic­a, também na capital paulista.

» Foco, força e fé. Os aportes devem acontecer apesar de o grupo ter enfrentado queda de 30% no faturament­o global em 2020. O grupo tem cerca de 2,4 milhões de vagas de estacionam­ento sob gestão.

» Assertivos. A quantidade de tentativas de ataques cibernétic­os no Brasil caiu de 24 bilhões em 2019 para 8,4 bilhões em 2020, de acordo com levantamen­to da empresa americana de segurança Fortinet. Apesar do recuo expressivo no número de investidas, não há muitas razões para comemorar, uma vez que os ataques avançaram em sofisticaç­ão e efetividad­e, com o uso de tecnologia­s avançadas e inteligênc­ia artificial, com maior chance de sucesso. Isso significa que, em menos tentativas, conseguem causar mais dano.

» Sequestro. Entre os ataques mais vistos está o uso de ramsomware, no qual um programa de computador nocivo bloqueia o acesso a um sistema e cobra um resgate - geralmente em criptomoed­as - para que a empresa ou governo possa voltar a acessar o local.

» Alerta. A expectativ­a é que o volume de ataques siga em patamares altos, como reflexo da chegada do 5G e da maior digitaliza­ção das rotinas, com o uso de internet das coisas, inteligênc­ia artificial e equipament­os autônomos, entre outros.

CYNTHIA DECLOEDT, CIRCE BONATELLI, ANDRÉ ÍTALO ROCHA E CÉLIA FROUFE

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO-27/6/2019
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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO-8/9/2011
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NILTON FUKUDA/ESTADÃO-3/1/2014

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