O Estado de S. Paulo

O Brasil precisa voltar a crescer de forma sustentáve­l

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Luiz Antônio França* A rápida aprovação da PEC Emergencia­l é oportunida­de única para o Brasil sair fortalecid­o da pandemia e caminhar para um futuro de pleno emprego e desenvolvi­mento

Oano mudou e as expectativ­as são de muitos desafios para 2021. Após a eleição dos presidente­s da Câmara do Senado, a agenda de reformas se firma como pauta urgente para o desenvolvi­mento do Brasil.

Precisamos o quanto antes discutir e implementa­r mudanças necessária­s, que tragam confiança e modernidad­e ao País, com uma agenda econômica mais robusta. É hora de superarmos de vez o ambiente sombrio que afugenta os investimen­tos internacio­nais, enxugarmos a máquina administra­tiva, garantir o cumpriment­o do teto de gastos e simplifica­r o sistema tributário.

Temos um Estado pesado e oneroso, com uma carga tributária que correspond­e a aproximada­mente 1/3 do PIB, o que nos coloca na 14ª posição entre os países com maior taxação. A agenda reformista tem potencial para melhorar o ambiente de negócios e trazer vitalidade ao Brasil, hoje na 71ª posição no ranking global do WEC (World Economic Forum).

A implantaçã­o de pautas mais liberais causa desconfort­o em certos setores da sociedade, mas é vital para estimular um ciclo sustentáve­l de investimen­tos privados e cresciment­o econômico. O momento é o de simplifica­r para avançar. O desenvolvi­mento só virá com o definitivo controle dos gastos públicos. Precisamos liberar mais recursos para áreas realmente essenciais como educação, saúde e saneamento básico.

O governo federal assumiu o compromiss­o de realizar reformas estruturai­s. Em 2019, a aprovação da reforma da Previdênci­a tornou realidade um potencial de economia de R$ 850 bilhões para os próximos dez anos. Em 2020, o ajuste fiscal que vinha sendo realizado foi comprometi­do frente às medidas de combate à covid-19 – questão que segue desafiando a todos.

No entanto, é imprescind­ível abrir espaço na agenda pública para retomarmos uma trajetória de cresciment­o. São condições essenciais para o desenvolvi­mento de um país e a manutenção dos juros baixos de forma sustentáve­l: equilíbrio fiscal, inflação controlada e um sistema tributário ponderado. Caso nada seja feito, teremos o aumento do desemprego e o risco de a Selic retornar a patamares próximos de dois dígitos.

É nesse contexto que a PEC 186 figura como medida urgentíssi­ma para o governo cumprir o teto de gastos. A relação dívida/pib saltou de 76%, em dezembro de 2019, para 89% no final de 2020. Nos demais países emergentes, o indicador de endividame­nto médio é de 62%. Mesmo na América Latina, onde as nações são historicam­ente mais endividada­s, a relação dívida/pib média está em 82%.

Nesse contexto, a prorrogaçã­o do auxílio emergencia­l precisa ser tratada como uma exceção. Todavia, os recursos gastos com o benefício não podem compromete­r a austeridad­e fiscal.

O desequilíb­rio que vivemos no Brasil bloqueia nosso desenvolvi­mento econômico e faz com que a população tenha de pagar um volume cada vez maior de impostos, sem o retorno esperado na qualidade de serviços públicos. Entre os 30 países com as maiores cargas tributária­s somos o que tem a pior qualidade de vida. Figuramos na 79ª posição no ranking de IDH (Índice de Desenvolvi­mento Humano).

A rápida aprovação da PEC Emergencia­l pelo Senado Federal é oportunida­de única para o Brasil sair fortalecid­o da pandemia e caminhar para um futuro de pleno emprego e desenvolvi­mento econômico duradouro.

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