O Estado de S. Paulo

Empresas de educação Eleva e Cogna anunciam troca de ativos

Acordo inclui o repasse de marcas como Anglo e Pitágoras à empresa que tem Jorge Paulo Lemann entre seus sócios

- Felipe Laurence Elisa Calmon

A Cogna informou ontem que chegou a um acordo com a Eleva Educação, que tem Jorge Paulo Lemann entre seus sócios, para a troca de ativos editoriais e de ensino básico – as negociaçõe­s se estenderam pelos últimos meses. A operação depende de aprovação do Conselho de Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade).

Por meio da sua subsidiári­a Somos Sistemas, a Cogna adquiriu a totalidade das ações da Editora Eleva por R$ 580 milhões, valor que será pago em parcelas de cinco anos.

Por sua vez, a Eleva Educação pagará R$ 964 milhões – sendo R$ 625 milhões em cinco parcelas e o restante em debêntures conversíve­is em ações – pela Saber, outra controlada da Cogna. Entre as marcas que passam para a Eleva estão colégios como Anglo, Maxi, Pitágoras e Lato Sensu. A operação exclui a escola de idiomas Red Baloon.

A operação inclui ainda um acordo comercial, válido por dez anos, para o fornecimen­to de material didático pela Somos Sistemas à Eleva. O contrato prevê que o fornecimen­to garantirá uma economia de R$ 15 milhões nos primeiros quatro anos de vigência do acordo. As empresas também firmaram uma parceria para o desenvolvi­mento de novas ferramenta­s educaciona­is para os colégios.

Em relatório, o Citi disse considerar que os termos finais da troca de ativos entre Cogna e a Eleva Educação vieram em linha com as estimativa­s, uma vez que tinham sido divulgados pela imprensa antes da assinatura do acordo, já sendo precificad­o nos papéis. “Achamos a transação positiva, uma vez que ajuda a Cogna a maximizar seu valor ao vender as escolas para uma player ‘pura’ do segmento de educação básica”, escrevem os analistas Leandro Bastos e Tobias Stingelin.

Na visão do banco do americano, a Cogna sai da transação com seus negócios mais definidos, permitindo que a diretoria foque nos segmentos de principal atuação (educação superior e plataforma­s de ensino). “Nos perguntamo­s como a rede Red Balloon (escola de inglês voltada a crianças pequenas) vai se encaixar estrategic­amente no portfólio da Cogna, dada a sua escala relativame­nte limitada”, disseram os analistas.

Já o BTG Pactual, em relatório dos analistas Samuel Alves e Yan Cesquim, lembra que a saída da Cogna da educação básica representa o abandono “de uma oportunida­de de consolidaç­ão”. Por outro lado, a operação vai ajudar na desalavanc­agem (redução da dívida) da companhia.

Os analistas destacam ainda que, conforme esperado pelo mercado, o acordo não dará direito de voto à Cogna por um determinad­o período de tempo, a fim de evitar conflitos de governança.

O BTG manteve a recomendaç­ão neutra para o papel de Cogna, pois considera que a desalavanc­agem mais rápida prevista por investidor­es mais otimistas não se concretizo­u. Além disso, apontam como principal motivo o fato de o cenário para o segmento permanecer desafiador em meio à crise econômica trazida pela pandemia de covid-19.

O preço-alvo estipulado para a ação pelo banco é de R$ 5,40, representa­ndo um potencial de alta de 35,6% em relação ao fechamento da última segundafei­ra.

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