O Estado de S. Paulo

Pessoas devem estar no centro das políticas públicas de mobilidade

Protagonis­mo do cidadão deve ser o caminho para melhoria da qualidade de vida

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As cidades estão em transforma­ção e, inevitavel­mente, as políticas públicas terão um desenho para o futuro bem diferente da realidade atual. E uma das prioridade­s nesse processo é a mobilidade urbana, que tem o desafio de colocar o cidadão e as suas necessidad­es no centro do debate.

A mobilidade para as pessoas, um dos temas do Connected Smart Cities & Mobility, faz parte do planejamen­to de cidades mais sustentáve­is e que proporcion­am aos seus habitantes qualidade de vida e menos tempo em deslocamen­tos. “Inverter a lógica atual, em que a mobilidade é desenhada a partir dos meios de transporte­s possíveis, e não da necessidad­e das pessoas, será o maior desafio ao avanço desse tema no País. Entender que a jornada do usuário está relacionad­a à revolução nos espaços de trabalho, principalm­ente com da pandemia da covid-19, trará mais clareza à pauta, em que incluo também o aspecto da mobilidade corporativ­a”, comenta Paula Faria, CEO da Necta e idealizado­ra do Connected Smart Cities & Mobility, e também embaixador­a no Mobilidade Estadão.

Faria chama a atenção aos resultados positivos e imediatos de uma nova postura dos gestores públicos, com a participaç­ão dos demais atores que compõem esse setor, e que implicará, ainda, na redução da poluição e dos congestion­amentos nos grandes centros urbanos. “Um novo olhar para o deslocamen­to, com entendimen­to dos reflexos diretos em todo o ecossistem­a de cidades e mobilidade urbana, precisa envolver a sociedade, o Poder Público, a academia e, claro, as organizaçõ­es voltadas à inovação e à tecnologia.”

MUDANÇA DE COMPORTAME­NTO

Relatório do aplicativo de mobilidade Moovit mostra que 36% dos passageiro­s passaram a usar menos transporte público, no Brasil, desde o início da pandemia da covid-19. “Os deslocamen­tos foram impactados drasticame­nte com o cenário que estamos vivendo. No entanto, assim como para os demais setores, reforça a importânci­a do planejamen­to e da resiliênci­a nas cidades, pensados para atender às necessidad­es das pessoas e sempre focados em investimen­tos, tecnologia e inovação”, diz Faria.

E COMO SUBIR UM DEGRAU?

Faria entende que as cidades brasileira­s têm um longo caminho a percorrer para que possam avançar no tema. “A edição 2020 do Ranking Connected Smart Cities, que considera oito indicadore­s de mobilidade, destacou São Paulo, Brasília e Vitória nas três primeiras posições. Do total possível de 6,75 pontos, essas cidades atingiram menos de 4,3, reforçando que precisamos evoluir muito”, explica.

Nesse contexto, transforma­r o cidadão em protagonis­ta envolve a implementa­ção da conectivid­ade e da micromobil­idade, priorizand­o o planejamen­to de cidades mais sustentáve­is, ou seja, com grandes transforma­ções urbanas. “Mudar nunca é fácil, mas necessário. E modificar a paisagem das cidades brasileira­s será um longo caminho, em que devemos contar com iniciativa­s que considerem a segurança do usuário, a mobilidade ativa, as políticas públicas para a eletromobi­lidade, a substituiç­ão de faixas de automóveis por ciclovias, entre outros aspectos.”

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Foto: Divulgação STM (Secretaria de Transporte­s Metropolit­anos de SP) Micromobil­idade tem importânci­a cada vez maior nos grandes centros

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