O Estado de S. Paulo

Defesa de Queiroz usa decisão pró-lula

Ex-assessor, denunciado como operador de Flávio Bolsonaro no esquema de 'rachadinha­s', está em prisão domiciliar

- Caio Sartori Fabio Grellet

A defesa de Fabrício Queiroz citou a decisão do ministro Fachin que beneficiou o ex-presidente Lula para pedir que o STJ retome o julgamento sobre sua liberdade.

Ao pedir que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) retome julgamento que pode lhe dar liberdade, a defesa de Fabrício Queiroz citou a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que beneficiou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O argumento é de que, assim como a Justiça

Federal em Curitiba não tinha competênci­a naquele caso, o juiz de primeira instância do Rio que autorizou a prisão preventiva de Queiroz e sua mulher, Márcia Oliveira de Aguiar, também não o tem.

Na manifestaç­ão enviada ao relator do caso no STJ, ministro Felix Fischer, o advogado Paulo Emílio Catta Preta destaca o trecho em que Fachin fala em “respostas análogas a casos análogos” e pede que a Quinta Turma do STJ retome o julgamento de habeas corpus que trata do mesmo tema.

As defesas de Queiroz e do senador Flávio Bolsonaro (Republican­os-rj), denunciado como chefe da organizaçã­o criminosa que seria operada pelo ex-assessor na Assembleia Legislativ­a do Rio, entendem que o juiz Flávio Itabaiana Nicolau não tinha a competênci­a para autorizar todas as medidas cautelares adotadas ao longo da investigaç­ão.

Isso porque o filho do presidente Jair Bolsonaro conseguiu no ano passado o direito a foro especial na segunda instância fluminense, ou seja, no colegiado em que deputados estaduais são julgados: o Órgão Especial do Tribunal de Justiça, onde o caso está atualmente. Habeas corpus que questionam a competênci­a de Itabaiana e outras supostas ilegalidad­es na condução da investigaç­ão chegaram a ser analisados pelo STJ – e um deles, baseado na fundamenta­ção jurídica para a quebra de sigilos, chegou a ser concedido pela Corte.

O advogado de Queiroz pede agora a retomada do julgamento sobre a competênci­a do magistrado. “É justamente o que se reclama na presente manifestaç­ão: respostas análogas a casos análogos, regra, aliás, que remete à mais basilar concepção de justiça”, escreve ele ao lembrar da decisão de Fachin pró-lula. Para Catta Preta, a análise do habeas corpus deve ser retomada na próxima sessão da Quinta Turma.

Apesar de estar no Órgão Especial, a denúncia contra Flávio aguarda recursos que podem devolvê-la à primeira instância. O colegiado de 25 desembarga­dores ainda não se debruçou sobre a acusação, que inclui os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organizaçã­o criminosa.

“É justamente o que se reclama na presente manifestaç­ão: respostas análogas a casos análogos, regra, aliás, que remete à mais basilar concepção de justiça.” Paulo Emílio Catta Preta ADVOGADO DE FABRÍCIO QUEIROZ, EX-ASSESSOR DE FLÁVIO BOLSONARO

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WILTON JUNIOR / ESTADÃO Ex-assessor. Queiroz está em casa com tornozelei­ra

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