O Estado de S. Paulo

Mais de 50% dos carros novos serão SUVS

De olho na lucrativid­ade e no interesse crescente do consumidor, montadoras vão lançar este ano cerca de 15 utilitário­s-esportivos

- Cleide Silva

Dos 22 lançamento­s já contabiliz­ados para este ano por fabricante­s e importador­es, pelos menos 15 serão utilitário­s-esportivos, mais conhecidos como SUVS. No ano passado, o segmento represento­u 32,6% das vendas de automóveis no País, com um total de 528,2 mil unidades. Em 2010, essa fatia era de 7,5%, segundo dados da Fenabrave, entidade que representa os concession­ários de veículos.

Tendência em vários países, esse tipo de veículo atraiu também os brasileiro­s e as empresas estão ampliando ofertas de modelos nacionais e importados em detrimento de outras categorias, em especial a de carros pequenos (hatches). Eles ainda são os mais vendidos no País, mas a fatia nas vendas caiu de 55,7% para 42,3% em dez anos.

Os sedãs também estão perdendo espaço e, no ano passado, ficaram com 22,6% do mercado, ante 27,3% em 2010. Para o presidente da Bright Consulting, Paulo Cardamone, “o cresciment­o dos SUVS ocorre, em parte, em razão do novo consumidor, que valoriza estilo, segurança, multiúso, conectivid­ade e performanc­e, em especial os de mais alta renda.”

Outro lado bastante significat­ivo do aumento de vendas tem a ver com a estratégia das montadoras em focar em modelos mais caros, com mais conteúdo e que tragam maior rentabilid­ade aos negócios.

O presidente da Volkswagen do Brasil e América Latina, Pablo Di Si, tem mais uma explicação para o fenômeno. “Muitas pessoas que não estão conseguind­o viajar por causa da pandemia estão comprando carro, principalm­ente SUVS”, diz ele, que conta ter notado procura ainda maior por esses carros nos últimos seis meses.

A Volkswagen é uma das marcas que nos últimos anos vem aumentando a oferta de SUVS em sua gama. No plano de investimen­to de R$ 7 bilhões anunciado em 2017, o grupo incluiu o lançamento de cinco utilitário­s-esportivos na América Latina, dos quais quatro no Brasil.

Estão na conta o T-cross e o Nivus, ambos fabricados no País, o Tiguan feito no México e o Taos que acaba de entrar em linha de produção na Argentina e chegará às lojas brasileira­s no fim do segundo trimestre.

Com esses modelos à frente, a Volkswagen espera fechar o ano no break even (ponto de equilíbrio) este ano, após sucessivos prejuízos na região.

Mesmo com essa “ofensiva de SUVS”, como define a Volkswagen, “o próximo plano de investimen­tos da marca na região (a ser anunciado no segundo semestre), inclui modelos compactos, picapes e mais SUVS”, informa Di Si.

Ele ressalta que o Taos foi um desenvolvi­mento conjunto das engenharia­s da América Latina e América do Norte – que receberá o modelo feito no México. A versão argentina será exportada para toda a região. O sistema de infortainm­ent que equipa o Taos e o Nivus foi desenvolvi­do no Brasil e a tecnologia está sendo exportada para vários países, entre os quais Rússia e Índia.

O Taos vai disputar mercado principalm­ente com o Corolla Cross, que será apresentad­o ao mercado hoje pela Toyota e as vendas começam nos próximos dias. Também com o Jeep Compass, que será reestiliza­do nessa primeira metade do ano.

Novidades do ano. Outros utilitário­s totalmente novos que chegam ao mercado este ano, em diferentes categorias, são um Jeep de sete lugares e o primeiro SUV da Fiat (ambos sem nomes revelados); o Ford Bronco Sport, que virá do México e deve ser o primeiro lançamento da marca após o anúncio do fim da produção local; o Caoachery Exeed, marca de luxo da chinesa que chegará primeiro como importado e depois será produzido localmente; e o Kia Niro (híbrido).

Os modelos que devem passar por reestiliza­ção são Caoachery Tiggo 2 e Tiggo 5, Hyundai Creta, Renault Captur e Duster.

O primeiro lançamento do ano foi o Nissan Kicks, em fevereiro, e nesta semana a Land Rover iniciou as vendas do Discovery Sport em versão diesel.

Segundo Di Si, as fábricas do grupo enfrentam problemas de escassez de peças, em especial de semicondut­ores – o Taos tem cerca de 300 chips –, mas não foi preciso suspender a produção até o momento. A matriz centraliza todas as compras e repassa para as fábricas do grupo no mundo todo. “Por negociarmo­s em bloco temos maior poder de compra”.

“O cresciment­o das vendas dos SUVS ocorre, em parte, em razão do novo consumidor, em especial o de alta renda, que valoriza estilo, segurança, multiúso, conectivid­ade e performanc­e.” Paulo Cardamone PRESIDENTE DA BRIGHT CONSULTING

“O próximo plano de investimen­tos inclui modelos compactos, picapes e mais SUVS.” Pablo Di Si PRESIDENTE DA VOLKSWAGEN

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VOLKSWAGEN América Latina. Com SUVS, como o Taos, a VW, de Di Si, espera fechar o ano no break even

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