O Estado de S. Paulo

Transferên­cias de 2020 ainda não foram fiscalizad­as

- / B.P.

O Tribunal de Contas da União (TCU), que fiscaliza as contas do governo federal, e o Ministério da Economia, responsáve­l pelas transferên­cias indicadas pelos parlamenta­res, ainda não verificara­m onde foi gasto o dinheiro repassado por meio de emendas especiais, sem carimbo, no ano passado, quando houve eleições municipais.

As transferên­cias especiais, segundo o TCU, ainda não foram tratadas em nenhum processo específico, mas serão contemplad­as na análise das contas do presidente Jair Bolsonaro, a ser enviada ao Congresso em junho. Na prática, porém, a fiscalizaç­ão depende da prestação de contas feitas por Estados e municípios. “Como o controle do atendiment­o dessas condições fica a cargo do governo local, a prestação de contas pelo ente beneficiár­io torna-se crucial na verificaçã­o e na fiscalizaç­ão do cumpriment­o da legislação”, disse o TCU.

Em resposta ao Estadão, o Ministério da Economia classifico­u esse tipo de emenda como um “marco inovador, uma vez que essa nova modalidade proporcion­a mais simplicida­de na transferên­cia desses recursos”. A pasta criou uma plataforma na internet para acompanhar os repasses para prefeitos e governador­es – eles não são obrigados, porém, a prestar contas de como gastaram o dinheiro nesse portal. “O acompanham­ento da execução desses recursos deve ser realizado pelos órgãos de controle competente­s, como os Tribunais de Contas Estaduais e Municipais.”

Pela Constituiç­ão, as emendas sem carimbo passam a pertencer aos municípios e Estados no momento da transferên­cia. Pelo menos 70% precisam ser aplicados em investimen­tos e não podem entrar na conta de arrecadaçã­o a ponto de aumentar as despesas com o pagamento de servidores. Quem recebe pode aplicar o recurso onde quiser, o que é criticado por órgãos de controle por representa­r um “cheque em branco”.

“Nunca acompanhei prestação de contas. Isso é feito pelos prefeitos para os tribunais. É uma novidade muito recente”, afirmou o deputado Júlio Cesar (PSD-PI), que colocou R$ 6,1 milhões em emendas livres para municípios do Piauí.

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