Secretário diz que Estado ‘não dá conta’ de abrir leitos
‘A gente corre o risco de ter comprometimento nos nossos sistemas de saúde’, declarou Jean Gorinchteyn ontem
O governador João Doria anunciou ontem a abertura de 338 novas vagas de internação para pacientes da doença, dos quais 167 são de UTI. Trata-se da terceira ampliação de leitos para pacientes de covid-19 em São Paulo em duas semanas, totalizando 1.118 novos leitos – 676 de terapia intensiva. Mesmo assim, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, admitiu que o Estado não consegue aumentar a oferta de vagas no mesmo ritmo do crescimento da demanda por internações, especialmente de UTI. “Nós não temos fôlego de abrir na mesma velocidade (da doença) esse número de leitos. Mas temos de dar o máximo de assistência a todos", afirmou.
“Não daremos mais conta de abrir mais leitos. Precisamos da ajuda de todos. Que todos fiquem em casa, só saiam em condições de absoluta necessidade”, destacou ele. “Estamos ampliando leitos, fazendo convocações, mas tudo isso tem limite”, acrescentou, ressalvando que o Estado não corre risco de desabastecimento de oxigênio. “Mas teremos dias muito difíceis.”
Gorinchteyn comentou, ainda, que as mortes de pacientes na fila de espera por UTI são de pacientes que estão com algum tipo de assistência. “Pacientes, como os de Taboão (da Serra, que teve 11 mortes de pessoas aguardando transferência em menos de uma semana), estavam entubados, com ventiladores, recebendo antibióticos. Eles não estavam agonizando como vimos em outros países e Estados, mas nós temos esse risco. Nós estamos correndo contra isso”, apontou.
“Temos ainda leitos em UTI, mas, com a velocidade da doença e a forma grave que os doentes têm se apresentado, a gente corre o risco de ter um comprometimento nos nossos sistemas de saúde”, disse. “Trinta e dois municípios já tiveram seu colapso na assistência e foram resgatados por outros lugares”, acrescentou, sem detalhar.
O secretário comentou que a Central de Regulação de Ofertas e Serviços da Saúde (Cross) estava com 1.930 pedidos de regulações nesta quarta-feira, uma média que era de 150 no início de dezembro, apenas para transferências de leitos e outros procedimentos relacionados à covid-19. “Desses, 35% são para UTI", explicou. “Nós estamos aumentando da forma que conseguimos. Quando eu falo de aumentar número de leitos, não é simplesmente um colchão, uma cama e um respirador. É, além disso, uma equipe que vai dar assistência a esse paciente. Por isso, não abro leito de UTI de um dia para o outro. Estamos dando o máximo pra abrir”, destacou.