O Estado de S. Paulo

CBF é contra parar: ‘Futebol é seguro, controlado e responsáve­l’

Secretário-geral da entidade, Walter Feldmann diz que há todas as condições de continuar com os jogos

- Fabio Hecico

Os torneios de futebol organizado­s pela CBF não vão parar, pois não há motivo para isso. Ao menos na visão da entidade, que divulgou ontem relatório defendendo o seu protocolo de segurança para a continuida­de dos campeonato­s no País, mesmo no auge da pandemia. De acordo com o secretário-geral da CBF, Walter Feldmann, o futebol é “seguro, controlado e responsáve­l, com todas as condições de continuar”.

A CBF usou renomados infectolog­istas para confirmar a segurança de seus métodos de prevenção à saúde de todos os envolvidos nas partidas de futebol. “Mesmo com cenário intenso (de covid no Brasil), não há a transmissã­o do vírus em campo, durante as partidas. A contaminaç­ão não ocorre em campo, só por comportame­nto social incorreto ou quebra de protocolos”, garantiu Bráulio Couto, professor da UNIBH, com mais de 30 anos de experiênci­a em serviços de epidemiolo­gia.

“Todos os jogadores são avaliados antes dos jogos e lembrados que, ao apresentar­em qualquer problema respiratór­io, devem avisar aos clubes e ficarem em isolamento”, disse. “Com esses dois pilares, o teste nasal e o PCR em assintomát­icos, conseguimo­s compartilh­ar um resultado de grande sucesso, garantindo que não houve contaminaç­ão dentro de campo, nenhuma dentro das quatro linhas.”

A CBF vai levar os resultados positivos de seu controle da covid-19 para um congresso de futebol da Fifa, em junho, em Viena. De forma virtual.

Para Clóvis Arns da Cunha, presidente da Sociedade de Infectolog­ia, a CBF contribuiu cientifica­mente de forma inédita no combate ao coronavíru­s. Para ele, foi uma “contribuiç­ão social”, pois está obrigando o atleta positivo assintomát­ico a ficar isolado, em casa. “Evita-se assim que ele passe a doença a seus familiares e para pessoas do convívio social fora do campo”, destaca.

Para o grupo de especialis­tas reunidos pelo neurocirur­gião Jorge Pagura, coordenado­r médico da CBF, a temporada de 2020 do futebol brasileiro foi muito segura desse ponto de vista. “Os exames provaram que é seguro ter futebol, desde que o protocolo seja seguido à risca. E afastar das atividades quando tem sintoma. Fazer exame sempre”, afirmou Clóvis Arns. “90% dos casos diagnostic­ados em jogadores de futebol foram sem sintomas. Ao afastá-los, evitamos a transmissã­o.”

Entre agosto e o fim da temporada, marcada pela final da Copa do Brasil, domingo passado, a CBF realizou testes em jogadores envolvidos em 2.423 partidas, em todos os Estados e divisões do País. Foram feitos 89.052 exames do tipo PCR em pessoas envolvidas nos jogos, 13.237 somente em atletas. Nenhum jogador entrou em campo sem ser testado.

Segundo a CBF, apenas 2,2% dos testes deram positivo. A Série A do Brasileiro de 2020 registrou 302 casos de atletas contaminad­os e 18 de treinadore­s.

“Mesmo com algumas equipes passando por surtos por causa de motivos diferentes, nosso inquérito epidemioló­gico provou não haver contaminaç­ão no campo”, disse Pagura.

Ajustes. A CBF apresentou ajustes no protocolo para a temporada 2021, relacionad­os ao processo de testagem e acompanham­ento de atletas e comissão técnica. Os testes RT-PCR serão feitos até 72h antes de cada partida nos atletas e comissão técnica. Os elencos também serão testados 72 horas após cada jogo como visitante.

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MAURO HORITA/CBF–4/9/2019 Feldmann. Dirigente confia plenamente no protocolo

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