O Estado de S. Paulo

Câmara tira dispositiv­o que liberaria R$ 65 bi

Foi aprovado destaque que retirava do texto a possibilid­ade de desvincula­ção de receitas hoje carimbadas

- I.T. e C. T.

O plenário da Câmara dos Deputados derrubou um dispositiv­o da PEC emergencia­l que daria mais flexibilid­ade ao governo na gestão do Orçamento federal. Os parlamenta­res aprovaram um destaque do PDT que retirava do texto a possibilid­ade de desvincula­ção de receitas hoje carimbadas para órgãos, fundos ou despesas específica­s. Foram 178 votos a favor e 302 contra a retirada – eram necessário­s 308 votos contrários para manter o texto do relator.

Segundo apurou o Estadão/broadcast, cálculos do governo apontavam inicialmen­te que o dispositiv­o de desvincula­ção dessas receitas poderia liberar cerca de R$ 72 bilhões por ano. Nos trâmites finais da PEC no Senado, esse valor já havia caído a cerca de R$ 65 bilhões, pois os congressis­tas ampliaram a lista de exceções, ou seja, fundos ou classes de despesas imunes à vinculação. Como mostrou a reportagem, uma das alterações de última hora beneficiou ações de “interesse à defesa nacional” e “destinadas à atuação das Forças Armadas”.

Os recursos não seriam dinheiro novo para gastar, mas ficariam disponívei­s para bancar gastos de outras áreas, que eventualme­nte precisem ser financiado­s com recursos obtidos com a emissão de títulos da dívida pública. Hoje, a receita atrelada a determinad­o fundo ou órgão não pode ser utilizada para outra finalidade, o que foi mantido com a derrubada do destaque.

A desvincula­ção é uma das bandeiras defendidas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, desde a campanha eleitoral. O dispositiv­o inserido na proposta, porém, tinha alcance mais limitado do que o desejado pela equipe econômica e já vinha ganhando uma lista ainda maior de exceções.

Parlamenta­res do PDT comemorara­m a manutenção dos recursos vinculados para despesas nas áreas de educação, saúde e assistênci­a, mas a medida também beneficiou auditores fiscais, que eram contrários à desvincula­ção de recursos que abastecem fundos da Receita Federal usados no pagamento de bônus aos profission­ais do órgão.

A equipe econômica foi contra a derrubada do destaque, embora parlamenta­res alinhados ao governo tenham defendido a mudança. “Não é justo falar em equilíbrio fiscal tirando recursos da administra­ção tributária”, disse o deputado Celso Sabino (PSDB-PA)./

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