O Estado de S. Paulo

Com a limitação de R$ 44 bi, menor auxílio é de R$ 150

Ministro da Economia, Paulo Guedes, havia afirmado no início da semana que o valor mínimo do benefício seria de R$ 175

- Idiana Tomazelli /

O limite de R$ 44 bilhões para o pagamento do auxílio emergencia­l tem “pouca gordura” para mudanças no valor do benefício, segundo apurou o Estadão/broadcast. Sob esse teto, a área técnica do governo desenhou a nova rodada prevendo um “piso” de R$ 150 mensais a famílias com apenas uma pessoa, um valor médio de R$ 250 para a maior parte das famílias e uma faixa mais elevada de R$ 375, para mulheres que são as únicas provedoras do lar.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a dizer na segunda-feira que o valor mínimo do benefício seria de R$ 175. No entanto, duas fontes ouvidas pela reportagem afirmam que os cálculos foram feitos a partir do valor de R$ 150.

“Se for uma família monoparent­al dirigida por mulher é R$ 375. Se for um homem sozinho, é R$ 175. Se for o casal, é R$ 250”, disse o ministro na ocasião. Em seguida, ressaltou que a política estava sendo detalhada pelo Ministério da Cidadania.

Nos bastidores, a explicação é que a Economia “deu o limite” de gasto total pelo qual o desenho poderia ser trabalhado. Por isso, quem ditará o valor exato do auxílio a cada beneficiár­io é a pasta chefiada por João Roma. A tentativa é evitar algum tipo de cobrança por causa da declaração do ministro.

No Congresso Nacional, parlamenta­res da oposição trabalham para derrubar o limite de gastos com o auxílio emergencia­l. Há um destaque (sugestão de mudança) do PCDOB que pretende suprimir esse trecho do texto da PEC.

Segundo apurou o Estadão/broadcast, o valor de R$ 44 bilhões precisa contemplar não só o pagamento de quatro parcelas do benefício, mas também as despesas administra­tivas com a contrataçã­o de Caixa e Dataprev, responsáve­is pela operação do benefício e pelo cruzamento de dados para verificar se o cidadão é elegível ou não ao auxílio.

Por isso, a pouca gordura que existe no limite deve ser reservada a acomodar eventual número maior de beneficiár­ios habilitado­s após a análise da Dataprev. Hoje, o governo prevê contemplar cerca de 45 milhões de pessoas com o pagamento do auxílio. Embora o governo faça simulações, a criação do critério por meio de medida provisória, que ainda será editada, pode resultar numa demanda maior, que precisará ser acomodada dentro do limite de R$ 44 bilhões estipulado na Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) emergencia­l.

Na avaliação de um técnico ouvido pela reportagem, seria arriscado mudar o valor do benefício para algo diferente de R$ 150, R$ 250 e R$ 375, como já previsto.

Os valores foram calculados a partir de estimativa­s de perda de renda da população na pandemia. Com base em coletas feitas pelo IBGE, o governo estimou a perda entre a renda habitual e efetiva do trabalhado­r durante a pandemia. Esse é um dos estudos que ajudaram a subsidiar a definição dos valores.

Próximos passos. O governo esperava concluir ainda ontem na Câmara dos Deputados a votação da PEC emergencia­l, que abre caminho para a recriação do auxílio emergencia­l. O texto livra as despesas com o benefício, até o limite de R$ 44 bilhões, da incidência de amarras fiscais como o teto de gastos, que limita o avanço das despesas à inflação.

Com a aprovação da proposta na Câmara em dois turnos, o texto será promulgado pela Mesa do Congresso Nacional. Depois disso, o governo edita duas Medidas Provisória­s, com vigência imediata: uma para estabelece­r as regras da nova rodada do auxílio, outra para abrir o crédito extraordin­ário que libera os recursos que bancarão o programa.

Após a edição das MPS, o governo assina novos contratos com Caixa e Dataprev para a prestação de serviços ligados à operação do auxílio. Depois, a Dataprev finaliza os cruzamento­s, e então a Caixa efetua o pagamento aos beneficiár­ios. O presidente Jair Bolsonaro estimou em cinco dias o prazo entre a aprovação da PEC e o pagamento efetivo do auxílio.

O Ministério da Cidadania informou que trabalha na finalizaçã­o dos detalhes do novo Auxílio Emergencia­l e aguarda a tramitação da PEC 186/19 pela Câmara dos Deputados. Após a finalizaçã­o desses processos, os pagamentos terão início o mais breve possível.

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UESLEI MARCELINO / REUTERS - 8/3/2021 Pagamentos. Guedes disse esta semana que o Ministério da Cidadania detalharia auxílio

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