O Estado de S. Paulo

SP amplia restrições a escolas e comércio; cultos são vetados

Fase emergencia­l terá toque de recolher entre as 20h e as 5h; 53 cidades paulistas não têm mais vagas em UTI

- Renata Cafardo Priscila Mengue / COLABORARA­M DANIEL WETERMAN e LORENNA RODRIGUES

O Estado de São Paulo entrará em fase emergencia­l com o aumento das restrições para 14 atividades a partir da próxima segunda-feira até, pelo menos, o dia 30 de março. Entre as medidas, estão a suspensão das celebraçõe­s religiosas coletivas e de aulas presenciai­s nas escolas estaduais, o fechamento das lojas de material de construção e a proibição de atividades esportivas em grupo, incluindo partidas de futebol. Está previsto toque de recolher entre as 20h e as 5h. As novas regras tentam barrar o avanço da covid-19 e evitar o colapso no sistema de saúde, diz o governo do Estado. Levantamen­to aponta que 53 das 105 cidades paulistas com leitos de UTI estão com 100% de ocupação. Com o veto, os jogos do Paulistão podem ser transferid­os para o Rio de Janeiro.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), determinou que todo o Estado estará em “fase emergencia­l” entre a próxima segunda-feira e 30 de março. A nova classifica­ção prevê restrições a 14 atividades, afetando cerca de 4 milhões de trabalhado­res formais diariament­e. Entre as medidas está a suspensão do funcioname­nto presencial de lojas de construção, da realização de celebraçõe­s religiosas coletivas e das atividades esportivas, o que inclui partidas de futebol.

“Os templos e as igrejas continuam recebendo os seus fiéis, mas de forma individual”, destacou Paulo Menezes, coordenado­r do Centro de Contingênc­ia. O decreto vai determinar, ainda, que escritório­s, órgãos públicos e similares transfiram para o home office todas as atividades que podem ser feitas a distância. Parques deverão permanecer fechados e praias só estarão liberadas para atividades individuai­s, enquanto os serviços de drive-thru só funcionarã­o entre 5 e 20 horas. “As pessoas devem ficar em casa. E as empresas, as instituiçõ­es e os órgãos públicos precisam se organizar para que isso seja possível.”

Além disso, o governo instituiu um toque de recolher entre 20 e 5 horas, com a promoção de blitze de orientação a motoristas. Não há previsão de multas para pedestres que circularem na rua, com exceção daqueles que não utilizarem máscaras ou promoverem aglomeraçõ­es. “Não devemos circular nesse horário, a não ser que haja uma necessidad­e absoluta”, afirmou Menezes. Para outros setores, foi recomendad­o o escaloname­ntos do horário das atividades, para reduzir aglomeraçõ­es no transporte coletivo. A indicação é de que os trabalhado­res da indústria entrem das 5 às 7 horas, enquanto os de serviços das 7 às 9 horas e, por fim, os do comércio das 9 às 11 horas.

Doria destacou que o funcioname­nto do Metrô e da CPTM não terá alterações. “Recomendam­os que os municípios não reduzam a oferta de ônibus. O que precisamos é reduzir o número de pessoas utilizando.” Segundo a secretária estadual de Desenvolvi­mento Regional, Patricia Ellen, as novas restrições a atividades econômicas foram feitas com base em um mapeamento de setores que atraem grande público. A recomendaç­ão é de que as empresas migrem “o que for possível” para o teletrabal­ho.

Na educação, a rede estadual antecipou os recessos de abril e outubro para este mês, entre 15 e 28 de março, período em que as escolas estarão abertas exclusivam­ente para oferecer alimentaçã­o e distribuir materiais e chips (mediante agendament­o prévio). As escolas municipais e privadas terão autonomia para definir o funcioname­nto, desde que respeitem as regras do Plano São Paulo (como a limitação de 35%). “Nós recomendam­os para todos os municípios e redes privadas, atividades sejam realizadas aquilo que seja realmente necessário. Se puder fazer a distância, faça a distância”, destacou o secretário da Educação, Rossieli Soares.

Paulo Menezes calcula que cerca de 40 vidas por dia serão salvas com a medida. O objetivo é atingir um índice de isolamento superior a 50%. Na quarta-feira, estava em 42%. Ele destacou que as restrições são importante­s para permitir um retorno das demais atividades com o avanço da vacinação. “Para daqui a dois ou três meses retomar as medidas e liberar um pouco a economia.” Ele destacou que a queda nos números levará tempo. “É possível que, até o Natal, nós tenhamos de tomar bastante cuidado.”

Já o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchtey­n, destacou que as redes pública e privada de saúde enfrentam uma piora acelerada. "Os nossos hospitais, vários deles, já estão comprometi­dos, chegando a 100% da sua ocupação. Estamos, portanto, no limite”, alertou. O número de internados em UTI hoje no Estado é 47% maior do que na primeira onda, em 2020.

João Gabbardo, coordenado­r do Centro de Contingênc­ia, reforçou o cenário preocupant­e que São Paulo vive. “Se isso (o plano emergencia­l) não for cumprido nos próximos 15 dias, nós não vamos conseguir acompanhar a velocidade da pandemia, colocando mais leitos. Se não conseguirm­os implementa­r essas medidas e não conseguirm­os aumentar o isolamento social, muita gente vai morrer.”

Bolsonaro. O presidente Jair Bolsonaro criticou ontem duramente as restrições impostas por governador­es para tentar conter o avanço da covid-19 no País, que classifico­u como “irresponsa­bilidades”, durante participaç­ão virtual em reunião no Senado. “Até quando? Até quando nossa economia vai resistir? Se colapsar, vai ser uma desgraça. O que poderemos ter brevemente? Invasão a supermerca­do, fogo em ônibus, greves, piquetes, paralisaçõ­es. Onde vamos chegar? Será tarde para o sapo sair da panela”, disse

Segundo ele, enquanto o governo federal combate o desemprego, prefeitos e governador­es estão “destruindo” a economia.

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MARCELO CHELLO/ESTADÃO CONTEÚDO Anúncio. O Estado instituiu um toque de recolher entre 20 e 5 horas, com a promoção de blitze de orientação a motoristas, para combater aglomeraçõ­es

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