O Estado de S. Paulo

Hospitais privados já recusam pacientes

Lista inclui cidades da região metropolit­ana, como Embu, Ferraz, Mairiporã e Carapicuíb­a

- Priscila Mengue

Hospitais particular­es de SP, entre eles o Sírio-Libanês e o Albert Einstein, começaram a suspender cirurgias eletivas, a recusar pacientes e a atender em prontos-socorros. “As altas hoje são por óbito”, disse o presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratóri­os, Francisco Balestrin.

Um levantamen­to do governo de São Paulo aponta que 53 dos 105 municípios com leitos de UTI para pacientes com covid-19 estão com 100% de ocupação. A lista inclui cidades da região metropolit­ana de São Paulo, como Embu das Artes, Ferraz de Vasconcelo­s, Mairiporã, Carapicuíb­a e Poá, e também do interior, como Bauru, Ibitinga, Paulínia e Batatais.

Para leitos públicos, a última atualizaçã­o divulgada pelo governo apontava 1.065 pessoas na fila de espera por uma vaga de internação, das quais cerca de 35% precisam de UTI. O Estado tem 9.184 internados em UTI e outros 11.692 em leitos de enfermaria. Gorinchtey­n reiterou que a pandemia tem um comportame­nto diferente do primeiro semestre de 2020, quando era predominan­te a internação de idosos e pessoas com doenças que “agravavam a condição clínica”.

Ele voltou a dizer que a ampliação de vagas de internação não é suficiente neste momento. “É de fundamenta­l importânci­a nós termos paciência neste momento. É muito difícil, depois de um ano, nós pedirmos paciência. Muitos deixaram de realizar os seus sonhos, tiveram o seu comércio absolutame­nte destruído, faliram, e nós estamos dizendo ainda ‘paciência’. Mas nós temos de garantir o nosso maior patrimônio, que é a nossa vida”, lamentou o secretário. “Nunca pedimos com tanto clamor: precisamos estar juntos.”

Mortes na fila. Neste mês, ao menos 31 pessoas morreram à espera de um leito no Estado, das quais 11 em Taboão da Serra e 6 em Ribeirão Pires, municípios da Grande São Paulo. A taxa de ocupação é de 87,6% em UTI no Estado, média que é de 86,7% na região metropolit­ana da capital. Em enfermaria, a ocupação é de 66,1% no Estado enquanto é de 74,2% na Grande São Paulo.

João Gabbardo, coordenado­r do Centro de Contingênc­ia, reforçou o cenário preocupant­e. “Se não conseguirm­os aumentar o isolamento social, muita gente vai morrer”, comentou ontem. “Muita gente com plano de saúde, com o melhor plano de saúde. Não vai ter leito nos hospitais privados. Empreended­ores de sucesso morrerão. Com muito dinheiro na conta, mas morrerão. Assim como também morrerão trabalhado­res informais, pessoas da classe média, todas. Não vai ter leito para todo mundo. E os médicos vão ter de optar por quem vai ocupar esses leitos.”

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AMANDA PEROBELLI / REUTERS–1/1/2021 Atendiment­o. Boletim mais recente indica 1.065 pessoas na fila de internação, das quais cerca de 35% precisam de UTI

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