O Estado de S. Paulo

Emergência

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OBrasil passa pelo momento mais dramático da pandemia de covid19. O País caminha para chegar ao final de março tendo perdido cerca de 300 mil de seus cidadãos para a doença. Novas cepas do coronavíru­s, mais contagiosa­s, são disseminad­as sem qualquer tipo de controle ou medidas de contenção. Resultado disso é que os hospitais das redes pública e privada, seja nos Estados mais ricos, seja nos mais pobres, entraram em colapso ou estão prestes a saturar sua capacidade de lotação. É grande o risco de se generaliza­r os casos de pessoas que precisam de atendiment­o médico morrerem em casa ou na porta de hospitais lotados. Em algumas cidades isso já ocorre.

O que poderia interrompe­r esta escalada da morte – uma massiva campanha de vacinação da população – ainda está longe de ser a realidade do País. As poucas doses que há são aplicadas numa velocidade muito aquém da velocidade de espalhamen­to do vírus. É uma luta desigual, decorrente em grande medida da desídia do governo de Jair Bolsonaro em coordenar no âmbito federal a imunização dos brasileiro­s.

As autoridade­s ciosas de sua responsabi­lidade têm praticamen­te implorado à população para que permaneça em casa. E se houver absoluta necessidad­e de sair às ruas, que isto seja feito com os cuidados sobejament­e conhecidos a esta altura. Em poucos momentos da história do País foi tão necessária a união da sociedade para superar um mal que afeta todos os cidadãos.

No dia 10 passado, foram registrada­s 2.349 mortes por covid-19 em apenas 24 horas, sem contar a subnotific­ação. É estarreced­or. As atuais gerações jamais passaram por algo remotament­e parecido com esta tragédia. E nada garante que este terrível número de mortes diárias não aumente nos próximos dias.

São Paulo, o mais populoso Estado da Federação, é um dos que mais padecem com o recrudesci­mento da pandemia no País. Para evitar o pior, ou seja, cidadãos morrendo por falta de atendiment­o nos hospitais, o governo estadual criou uma nova categoria de restrições no Plano São Paulo ainda mais severa do que a fase vermelha. Embora fossem as mais rigorosas até então, as medidas da fase vermelha não puderam deter o vertiginos­o cresciment­o do número de casos e mortes no Estado.

O Palácio dos Bandeirant­es decidiu chamar o novo pacote de medidas de fase emergencia­l, sem alusão a cores, o que mostra quão grave é a situação do Estado. Trata-se, de fato, de uma situação de emergência, de vida ou morte.

A fase emergencia­l valerá de 15 a 30 de março e implicará a paralisaçã­o das atividades escolares, o fechamento de lojas de materiais de construção, restrições de retirada de pedidos em bares e restaurant­es (o chamado “take away”), suspensão de atividades esportivas coletivas, como os jogos de futebol do Campeonato Paulista, e de celebraçõe­s religiosas que gerem aglomeraçã­o de fiéis.

O objetivo do governo paulista é aumentar o porcentual de isolamento social na fase emergencia­l para um patamar superior a 50%, considerad­o pelas autoridade­s sanitárias o mínimo necessário para deter o avanço do vírus. Estima-se que neste período de 15 dias cerca de 4 milhões de pessoas sairão das ruas.

É de suma importânci­a que cada cidadão se una ao esforço coletivo de frear a disseminaç­ão do coronavíru­s em sua cidade, no seu Estado, no País. Por melhores e bem-intenciona­das que sejam as medidas determinad­as pelos governos nas três esferas, de nada elas valerão se a população não se engajar firmemente no seu cumpriment­o. Ao poder público, por sua vez, cabe fiscalizar com máximo rigor a observânci­a às determinaç­ões legais.

Espera-se que atos de força jamais tenham de se sobrepor à consciênci­a cidadã. Diante de um quadro tão terrível, a união dos cidadãos é vital para salvar vidas, como bem disse o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchtey­n. E até que a vacinação deslanche, devemos contar uns com os outros.

Até que a vacinação deslanche, a união dos cidadãos é fundamenta­l para salvar vidas

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