O Estado de S. Paulo

‘Angústia de estar ali sozinha é incessante’

Valéria Angelim, de 39 anos, foi hospitaliz­ada no Amazonas

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Com todos os cuidados possíveis, uso máscara sempre. Minha irmã, que trabalha como psicóloga em um posto de saúde de Manaus, pegou covid entre a primeira e segunda dose da vacina. Mas ela estava assintomát­ica e acabamos, minha mãe e eu, nos contaminan­do. E somos todas saudáveis, sem nenhuma comorbidad­e.

A primeira providênci­a depois de saber que nós três, adultas, estávamos contaminad­as foi enviar minhas sobrinha, de 11 anos, testada e negativa para covid, para a casa de uma amiga até que estivéssem­os bem. No começo da doença, fiquei cuidando da minha mãe e da minha irmã, que tinham tosse, dor no corpo, febre. Eu só senti dor nas costas, por uns três dias – mas ela estava cada vez pior. E foi piorando, e a tosse também. Após quatro dias de dor intensa nas costas fui ao posto, de onde fui transferid­a para o Hospital Delphina Aziz (unidade de referência contra a covid19 em Manaus), com oxigênio no rosto, pulmões brancos na tomografia e saturação de 79%. Fiquei muito assustada, tive uma crise de pânico. Meu pavor era ser entubada.

É uma sensação triste, ficar olhando para o chão ou para o lado, imóvel. Dias parada com pavor de piorar mais e ser entubada só entende quem passou. Mas enfermeiro­s e médicos foram muito humanos, durante todos os 15 dias que fiquei internada. Se não fossem eles, sempre dando força, não sei o que seria de mim.

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