Paulistão deve ir para outro Estado
Futebol. Governo estadual suspende torneio por 15 dias, a partir de segunda, e clubes e FPF estudam maneira de driblar a paralisação
Os 16 clubes que disputam o Campeonato Paulista de futebol aceitam a inédita possibilidade de jogar as partidas restantes da competição em outro Estado para fugir da suspensão das atividades esportivas determinada pelo governo do Estado. A medida vai vigorar dos dias 15 a 30 de março para conter o avanço do novo coronavírus.
A última cartada dos clubes e da Federação Paulista de Futebol (FPF) para não ter o calendário afetado será na próxima segunda-feira. Pela manhã, uma reunião no Palácio dos Bandeirantes com a presença do ministério Público (MP) vai discutir o assunto. À tarde, será vez de os clubes debaterem como ficará a agenda de jogos.
Caso não exista solução, os times vão viajar para fora de São Paulo. O destino mais provável é o Rio, se o governo local der sinal verde. Disputado desde 1902, nunca o Campeonato Paulista teve jogos fora do Estado.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou ontem a suspensão dos jogos por 15 dias. “Para esse fim de semana, os jogos do Campeonato Paulista estão preservados. Seguiremos com um bom diálogo com a Federação Paulista de Futebol. O contato não será cessado por causa das decisões anunciadas”, afirmou.
O primeiro ponto a ser discutido entre a FPF e as autoridades na segunda-feira é se os times estão liberados para treinar. As equipes querem manter a rotina de trabalhos por terem compromissos válidos por competições nacionais. Um exemplo é o Corinthians, que na semana que vem enfrenta o Salgueiro, em Pernambuco, pela
Copa do Brasil.
O presidente do Santo André, Sidney Riquetto, afirmou que os times foram unânimes na decisão de que o Campeonato Paulista não pode ser paralisado. “A ideia é manter as atividades. Se não puder fazer em São Paulo, vamos nos deslocar e treinar fora, em outro Estado. Se tiver de ser em Minas, Rio, Norte do Paraná, Goiás ou Mato Grosso do Sul, não importa. Nós iremos”, disse ao Estadão.
Segundo Riquetto, as equipes estão coesas na posição de que o Paulista tem de cumprir calendário e terminar em 23 de maio para não atrasar o início do Campeonato Brasileiro. “Se nós tivermos de pegar nosso elenco e ficar treinando longe de São Paulo será uma despesa tremenda. Mas um prejuízo ainda maior é interromper ou não ter mais o campeonato.”
Nos bastidores, as equipes consideram que podem conseguir mais condições favoráveis porque ficaram satisfeitas com uma decisão. A postura do governo estadual de manter a rodada do próximo fim de semana e só aplicar a suspensão a partir de segunda-feira foi interpretadas como uma vitória.
“O Ministério Público e as autoridades precisam entender que o futebol não colabora para a disseminação do vírus. O protocolo tem de ser seguido como um exemplo, e não visto como uma ameaça”, afirmou o presidente do Santo André.
Em nota, a FPF reforçou que desde o ano passado fez 35 mil testes em árbitros, atletas, profissionais e funcionários de clubes. A entidade defende que o futebol é um ambiente seguro.
Copa do Brasil. Dois jogos serão afetados pela suspensão do futebol no Estado. Marília e Criciúma, dia 17, e Mirassol e Bragantino, dia 18. Ainda não há uma definição.