O Estado de S. Paulo

‘Parar o futebol mostra o quanto é importante seguir as orientaçõe­s’

- ✽ PROFESSOR DE INFECTOLOG­IA DA UNIVERSIDA­DE FEDERAL DE SÃO PAULO (UNIFESP)

Eu acho que essas decisões sobre o futebol deveriam ter sido tomadas semanas atrás. Sou favorável a que todas as atividades que não sejam absolutame­nte essenciais sejam suspensas. A gente está próximo a um colapso. Dificilmen­te as medidas anunciadas agora vão evitar essa situação, porque nós perdemos o melhor momento para implementa­r todo esse pacote de cuidados ainda no ano passado.

Como o colapso é quase inevitável, qualquer medida tomada servirá para salvar uma parte das vidas. Acredito que ainda serão perdidas muitas pessoas. O futebol mobiliza várias pessoas, com viagens, delegações inteiras. Essa atitude é muito mais para apontar a gravidade da situação do que para mudar alguma coisa na prática. Se tivesse comércio fechado e o futebol funcionand­o, seria talvez um sinal ruim para as pessoas.

É claro que isso tudo tem influência na vida econômica, porque o futebol emprega muita gente. Mas o que nos espera é muito grave. Assim como tivemos uma crise em Manaus, podemos ter o mesmo em São Paulo. Parar o futebol mostra o quanto é importante seguirmos as recomendaç­ões de ficar em casa.

O futebol tem uma rotina de testes e um controle, mas isso não é garantia total de segurança. Mesmo quem testa negativo pode ter o vírus e transmitir. É uma atividade em que as pessoas viajam, compartilh­am espaços. Então não dá para garantir a segurança.

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