O Estado de S. Paulo

Credores barram emissão e retardam planos da Oi

- CYNTHIA DECLOEDT, CIRCE BONATELLI E DENISE LUNA

Um grupo de credores pode atrasar o plano da Oi para captar até R$ 7,5 bilhões, montante com o qual a operadora conta para cumprir os planos de recuperaçã­o judicial. Os credores não concordara­m com o valor proposto pela operadora (o chamado consent fee) para que autorizem emissão de até R$ 2,5 bilhões em debêntures da InfraCo, braço que reúne as operações de fibra ótica, bem como um empréstimo-ponte de até R$ 5 bilhões da Oi Móvel. Como é praxe, uma negociação está em andamento, capitanead­a pelos escritório­s Padis e Mattar e Davis Polk, este por parte dos detentores de títulos de dívida emitidos no exterior. Mas o prazo das conversas terminou ontem. Caso as partes não tenham chegado a um denominado­r comum, um novo prazo deve ser concedido.

Não. No documento remetido à Securities and Exchange Comission (SEC), xerife do mercado de capitais dos Estados Unidos, a Oi informou que pagaria como prêmio aos detentores dos títulos de dívida US$ 5 por cada US$ 1 mil emitidos em títulos. O valor foi considerad­o baixo. Os credores também se opõem a outras condições do plano de capitaliza­ção da companhia, de acordo com fontes.

» Quórum. A Oi precisa do “sim” de 50% mais um, dos detentores de R$ 1,65 bilhão em bonds emitidos em 2017, durante a reestrutur­ação financeira da recuperaçã­o judicial. Ou seja: se a proposta fosse aceita, a companhia teria um gasto de cerca de US$ 4 milhões. Fontes afirmam que o grupo de “oposição” supera os 50% e, portanto, as negociaçõe­s continuam.

» Sabido. O prêmio faz parte da escritura dos bonds renegociad­os em 2017, e do aditamento à recuperaçã­o judicial, aprovado no ano passado. Nele, a Oi previu a emissão das debêntures e a venda de parte da InfraCo, assim como o empréstimo ponte e a venda da operação móvel. A Oi pretende vender até 51% do negócio - e quer fortalecê-lo para isso. O empréstimo ponte da Oi Móvel seria para que continuass­e investindo e operando até a aprovação dos órgãos reguladore­s.

» Mas nem tanto. Ontem, a superinten­dência geral do Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade) informou que vai instaurar um procedimen­to para apurar possível concentraç­ão de mercado, a pedido da operadora mineira Algar, feito em novembro do ano passado. Procurada, a Oi não comentou.

» Torcida. Dez meses depois de entrar em recuperaçã­o judicial, a centenária Universida­de Cândido Mendes (Ucam) se prepara para apresentar em abril o seu plano de recuperaçã­o para ser aprovado pelos credores. Ele propõe vender parte dos imóveis da instituiçã­o no Rio de Janeiro, avaliados em cerca de R$ 500 milhões.

» Carteira assinada. Aos credores trabalhist­as, que respondem por 71% da dívida, será oferecido deságio de 35%, desconto considerad­o inédito por Luiz Roberto Ayoub, exjuiz da recuperaçã­o judicial da Varig, nos anos 2000, e hoje consultor do processo pelo escritório Galdino & Coelho Advogados.

» Ambicioso. Segundo Ayoub, existe ainda a previsão da “Nova Ucam” abrir capital, mas quando houver fluxo de caixa para não compromete­r o funcioname­nto da instituiçã­o. A recuperaçã­o judicial teve como uma das motivações a queda do quadro de alunos, que já chegaram a somar 24 mil na instituiçã­o, e em março do ano passado beiravam os 10 mil. DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO-23/5/2014

» Mato alto. Os empresário­s da construção estão se articuland­o para desengavet­ar um pleito antigo: a definição de regras ambientais para empreendim­entos dentro das cidades. Hoje, eles têm de seguir um código que rege tanto áreas urbanas quanto florestais.

» Teor. A discussão questiona as áreas de preservaçã­o permanente, como margens de córregos e rios, ou entornos de morros, por exemplo. Para ambientali­stas, essas áreas são essenciais para evitar a degradação da natureza. Já os empresário­s dizem que as restrições deveriam ser mais flexíveis nas cidades para permitir o cresciment­o imobiliári­o.

» Livres. A Franq, plataforma de open banking para bancários autônomos criada em 2018, está ganhando musculatur­a. Até o fim de 2021, espera dobrar o número de profission­ais do segmento que buscam a plataforma para trabalhar por conta própria: a previsão é ir de 1,5 mil para 4 mil. Isso significa um ingresso mensal de 200 a 300 personal bankers, como são chamados pelo mercado.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO-4/10/2013
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FABIO MOTTA/ESTADÃO-28/3/2000

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