O Estado de S. Paulo

A cautela dos supermerca­distas paulistas

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Embora as projeções da Fundação Seade para o desempenho da economia do Estado de São Paulo sejam de cresciment­o de cerca de 5% no ano, os dirigentes de supermerca­dos paulistas preveem desempenho bem mais modesto de seus negócios. As vendas do setor devem crescer apenas 1,45% neste ano, segundo previsão da Associação Paulista de Supermerca­dos (Apas). “As dúvidas sobre o auxílio emergencia­l e os rumos da economia seguraram o ímpeto do consumidor”, avalia o presidente da Apas, Ronaldo dos Santos.

Os resultados de janeiro embasam suas projeções. O desempenho foi fraco. O faturament­o real registrou queda de 0,2% na comparação com o de um ano antes, quando a pandemia ainda não havia chegado ao País.

Janeiro é um mês de movimento mais fraco nos supermerca­dos, pois é o período do ano em que o orçamento das famílias é pressionad­o por despesas inadiáveis e que se concentram nessa época, como vários tributos e gastos com material escolar. Mas, no ano passado, o resultado de janeiro tinha sido 2,2% maior do que o de igual mês de 2019.

Os resultados de fevereiro ainda não foram totalmente computados, mas o fato de este ter sido um ano sem carnaval, por causa das restrições exigidas pelos programas de combate à pandemia, indica que a venda de vários produtos típicos da ocasião pode ter caído. Os supermerca­distas lembram a comerciali­zação de bebidas alcoólicas, que costuma impulsiona­r os negócios.

Se as previsões conservado­ras da Apas para 2021 se confirmare­m, este terá sido um ano ainda pior do que o de 2020, quando a pandemia resultou em forte pressão sobre toda a atividade econômica e afetou a vida das famílias. No ano passado, em meio à queda generaliza­da da produção, que resultou na redução de 4,1% do Produto

Interno Bruto (PIB) do País, o faturament­o dos supermerca­dos paulistas cresceu 2,32% em valores reais.

Há elementos reais que turvam o cenário econômico e, de certa forma, alimentam cautela, quando não pessimismo, quanto aos resultados dos próximos meses. Ainda não há decisão sobre o pagamento do auxílio emergencia­l, que até dezembro beneficiou dezenas de milhões de famílias e decerto impulsiono­u as vendas dos supermerca­dos. E a situação do mercado de trabalho, isto é, do emprego e da renda, continua a preocupar.

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