O Estado de S. Paulo

PEC do auxílio emergencia­l é aprovada

Câmara conclui votação do 2º turno e rejeita 11 tentativas de mudanças; aprovação libera uma nova rodada do benefício a vulnerávei­s

- Idiana Tomazelli Anne Warth Camila Turtelli / BRASÍLIA

A Câmara dos Deputados concluiu a votação da PEC emergencia­l, que vai abrir caminho à nova rodada do auxílio a vulnerávei­s na pandemia e criar instrument­os de ajuste nas despesas em momentos de comprometi­mento severo das finanças de União, Estados ou municípios ou de calamidade nacional.

O placar do segundo turno foi de 366 votos favoráveis a 127 contrários. Por se tratar de uma mudança na Constituiç­ão, a medida precisava ser aprovada em dois turnos por, pelo menos, 308 parlamenta­res. O primeiro turno foi aprovado na madrugada de quarta-feira, por 341 votos a favor e 121 contra.

Após a desidrataç­ão que impôs uma derrota à equipe econômica na quarta-feira e permitiu que servidores públicos continuem com o direito à progressão automática nas carreiras e o respectivo aumento nos seus salários mesmo no caso de crise fiscal severa ou calamidade, o governo manteve a base mobilizada para barrar novas mudanças durante a votação dos 11 destaques do segundo turno.

Os parlamenta­res votaram em peso para manter o limite de R$ 44 bilhões para o pagamento do auxílio emergencia­l, o plano de redução dos subsídios e os incentivos tributário­s à metade em um prazo de oito anos, além da possibilid­ade de usar recursos presos no caixa do governo para abater mais de R$ 100 bilhões da dívida pública.

Com o encerramen­to da votação, o próximo passo é a promulgaçã­o do texto pelas mesas diretoras do Congresso Nacional. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que o ato deve ocorrer o mais rápido possível. Segundo ele, o entendimen­to da Consultori­a Legislativ­a da Câmara é de que a PEC pode ser promulgada ainda hoje, mesmo com as mudanças feitas pelos deputados em relação ao texto que veio do Senado.

“Houve destaques supressivo­s, mas que não alteram a essência da PEC, não alteram o mérito do texto, e a nossa assessoria e os consultore­s da Casa entendem que, da nossa parte, ela está pronta para promulgaçã­o”, afirmou Lira. A decisão final, porém, dependerá da Consultori­a Legislativ­a do Senado.

Após a promulgaçã­o, o governo está pronto para editar duas medidas provisória­s, com vigência imediata: uma para estabelece­r as regras da nova rodada do auxílio emergencia­l, outra para abrir o crédito extraordin­ário que libera os recursos que bancarão o programa.

Após a edição das MPs, o governo assina novos contratos com Caixa e Dataprev para a prestação de serviços ligados à operação do auxílio. Depois, a Dataprev finaliza os cruzamento­s, e então a Caixa efetua o pagamento aos beneficiár­ios.

O desenho prevê quatro parcelas mensais de R$ 150 para famílias de uma pessoa só, R$ 250 para a média das famílias e R$ 375 para mulheres que são únicas provedoras da família. O governo prevê contemplar cerca de 45 milhões de pessoas.

Os cálculos foram feitos segundo o limite de R$ 44 bilhões e há hoje “pouca gordura” para fazer qualquer alteração no valor dos benefícios, como mostrou o Estadão/Broadcast.

O texto da MP deve conter um artigo que permitirá a prorrogaçã­o do período de quatro meses de pagamento do auxílio. No entanto, o limite de R$ 44 bilhões na prática impede o acionament­o dessa extensão. “Precisa de Orçamento para uma prorrogaçã­o”, alertou uma fonte.

Bolsonaro. O presidente Jair Bolsonaro comemorou a aprovação em segundo turno. Ele agiu para desidratar a PEC, abrindo uma negociação para liberar promoções e progressõe­s de funcionári­os públicos quando houver congelamen­to de despesas em períodos de crise fiscal para proteger especialme­nte as carreiras de segurança. A atuação do presidente foi na linha oposta da sua equipe econômica. O ministro da Economia, Paulo Guedes, e também o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, atuaram para barrar as modificaçõ­es e evitar a perda de economia potencial com o texto.

Bolsonaro afirmou que “às vezes, a gente não pode ganhar de 3 a 0, 4 a 0, 5 a 0. Se tiver 2 a 1, foi uma vitória”, disse antes da votações dos destaques.

 ?? NAJARA ARAÚJO/CÂMARA DOS DEPUTADOS ?? Câmara. PEC recebeu 366 votos favoráveis e 127 contrários
NAJARA ARAÚJO/CÂMARA DOS DEPUTADOS Câmara. PEC recebeu 366 votos favoráveis e 127 contrários

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil