O Estado de S. Paulo

Secretário da Receita irrita Paulo Guedes

- / A.F.

A atuação do secretário da Receita, José Tostes, na votação da PEC do auxílio emergencia­l desagradou o ministro da Economia, Paulo Guedes, e colocou os dois em rota de colisão. Tostes trabalhou nos bastidores para barrar na Câmara a desvincula­ção de recursos de um fundo do Fisco, que já tinha sido aprovada pelo Senado.

Na véspera da votação na Câmara, o secretário alertou ao Palácio do Planalto e ao próprio Guedes que os auditores preparavam uma rebelião e ameaçavam parar a Receita e que não conseguiri­a segurar o movimento, caso a vinculação não fosse mantida na votação da Câmara.

Segundo apurou o Estadão, Guedes respondeu que não poderia pedir uma exceção porque o espírito da PEC era justamente o da desvincula­ção das receitas para tirar o que a equipe econômica chama de “amarras” do Orçamento. A avaliação do ministro e do time que trabalhou na elaboração da proposta, apontada nas discussões internas para a negociação da PEC, era a de que a articulaçã­o de Tostes poderia colocar em risco a própria PEC.

Auxiliares do ministro, porém, contam que ele falou que tinha simpatia pelo pleito da Receita e que concordava no mérito. Ele disse a Tostes que veria uma alternativ­a, depois da aprovação da PEC, para não perder todas desvincula­ções, o que acabou acontecend­o já que os deputados retiraram esse trecho do texto. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, cálculos do governo apontam que poderiam ser liberados R$ 65 bilhões.

Tostes, então, perguntou ao ministro se poderia tranquiliz­ar os auditores com o posicionam­ento dele. Num grupo de conversa do Ministério da Economia, segundo fontes, o ministro deixou claro que a orientação não era mexer agora. Mas Tostes acabou enviando carta aos auditores da Receita afirmando que Guedes era contra a desvincula­ção de recursos para o órgão e trabalhava para retirar o ponto da PEC.

Com esse posicionam­ento, auditores começaram a ligar para parlamenta­res para pedir para derrubar a desvincula­ção. A movimentaç­ão manteve artigo na Constituiç­ão que permite que a Receita s tenham despesas bancadas por fundos que recebem parte das multas arrecadada­s por esses órgãos.

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