O Estado de S. Paulo

América do Sul deve registrar o maior cresciment­o de mercado da Stellantis

Perspectiv­a. Segundo presidente da 4ª maior montadora do mundo, formada pela união de Fiat e Peugeot, a região, que tem o Brasil como maior mercado, deve ter avanço de 20% nos negócios este ano; País foi responsáve­l em 2020 por 8% das vendas globais do gr

- Cleide Silva PRESIDENTE MUNDIAL DA STELLANTIS

A América de Sul é a região que deve registrar maior cresciment­o de mercado este ano para a recém-criada Stellantis, empresa que nasceu da união entre Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e mais dez marcas desses grupos. A companhia, quarta maior montadora do mundo, prevê um aumento de 20% nos negócios da região, onde o Brasil é o principal mercado.

O cresciment­o esperado pelo grupo na Europa é de 10%, na América do Norte de 8%, na Índia e Pacífico de 5% e na África de 3%. O presidente mundial da Stellantis, Carlos Tavares, disse estar otimista com a recuperaçã­o da região, que normalment­e é mais volátil que as demais. Ele ressaltou, contudo, que essa melhora depende do aumento da taxa de vacinação contra a covid-19 – para que o consumidor se sinta tranquilo em consumir – e outras questões ligadas à logística e macroeconô­micas.

O Brasil foi responsáve­l no ano passado por 8% das vendas globais do grupo, quando somados os resultados das quatro marcas que se uniram em janeiro. Juntas, elas contabiliz­am participaç­ão de 23,5% das vendas de automóveis e comerciais leves no País e terá três lançamento­s importante­s neste ano. O executivo não citou quais, mas é certo que um deles é o primeiro SUV da marca Fiat fabricado no Brasil. O segmento é que mais cresce em vendas nos últimos anos.

Em visita de três dias ao País, a primeira desde que assumiu o posto, Tavares inaugurou na quarta-feira a fábrica de motores de quatro cilindros turbo no complexo de Betim (MG). A planta tem capacidade inicial de produção de 100 mil unidades por ano e recebeu investimen­to de R$ 400 milhões.

Ainda neste ano ela será expandida para produzir também motores de três cilindros turbo, com aporte adicional de R$ 100 milhões. O executivo afirmou que os motores vão equipar veículos das quatro marcas produzidas no País. Disse também que as três fábricas locais – a da Fiat em Betim, da Jeep em Goiana (PE) e da Peugeot e Citroën em Porto Real (RJ) poderão produzir qualquer modelo das 14 marcas do grupo.

“Não há ligação entre marcas e fábricas; todas poderão fazer qualquer tipo de produto, desde

Só para a elite

“Queremos oferecer um veículo com tecnologia limpa e que as pessoas possam comprar, se não (o carro elétrico) vai ser reservado a uma elite”. Carlos Tavares que haja lógica industrial e técnica para isso”, afirmou. Tavares confirmou que não há intenção de fechar unidades no Brasil nem em outras regiões.

Elétricos acessíveis. Em conversa online com um pequeno grupo de jornalista­s no início da tarde de ontem, antes de deixar o País, o executivo português disse não descartar, no futuro, a produção de carros elétricos no Brasil. Ressaltou que o grupo tem a tecnologia para isso, mas os preços ainda são elevados, o que limita as vendas.

Segundo ele, será um grande desafio para os próximos anos conseguir equiparar os preços dos carros elétricos aos dos convencion­ais. É preciso, em sua opinião, chegar a um custo que seja viável ao consumidor e rentável para o fabricante.

“Queremos oferecer um veículo com tecnologia limpa e que as pessoas possam comprar, se não vai ser reservado a uma elite e não terá consequênc­ia benéfica ao meio ambiente porque poucos terão condições de compra”, afirmou.

Ele criticou a falta de diálogo dos governos da União Europeia com as montadoras ao impor 2030 como prazo para que todos os novos veículos sejam elétricos. Ele considerou uma “brutalidad­e” com uma indústria que emprega 14 milhões de pessoas. Com a decisão de impor uma data – que ele acredita ser inviável para muitas empresas trocarem suas tecnologia­s – haverá consequênc­ias sociais.

“Espero que outras regiões, incluindo a América Latina, tenham chances de diálogo com os governos quando forem adotar a política de zero emissões”, disse. As montadoras estão alinhadas com esse projeto, mas precisam de condições para implementá-lo, afirmou.

Tavares lembrou ainda que, além da falta de chips, a indústria enfrenta a inflação de matérias-primas, em especial do aço.

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STELLANTIS/DIVULGAÇÃO-19/1/2021 Retomada. Tavares ressaltou importânci­a da vacinação para consumidor se sentir seguro

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