Prefeitura suspende até abril aulas presenciais
Por causa do agravamento da pandemia, a Prefeitura de São Paulo decidiu que as escolas municipais e particulares paralisarão as atividades presenciais de quarta-feira até o dia 1.º de abril. Foram anunciadas também a abertura de 555 leitos, a suspensão de cirurgias eletivas em hospitais-dia e a contratação de leitos privados. O Estado teve recorde de mortes, com 521 óbitos.
Escolas municipais vão adiantar recesso, a exemplo das estaduais, enquanto a maioria das particulares deve optar por manter ensino no formato remoto; Município prevê abertura de 555 leitos e suspensão de cirurgias eletivas, enquanto espera por UTI privada chega a 12 h
As escolas municipais e particulares terão de paralisar as atividades presenciais de quarta-feira até o dia 1.º, segundo informou ontem a Prefeitura de São Paulo. A definição ocorreu no dia em que o Estado registrou recorde de óbitos – 521 – e o Município anunciou a abertura de 555 leitos para covid-19, suspensão de cirurgias eletivas em hospitais-dia e contratação de leitos privados de enfermaria.
As taxas de ocupação dos leitos de UTI são de 89,4% na Grande São Paulo e de 87,6% no Estado. O número de internados é o maior de toda a pandemia: 22.555, sendo 9.777 em UTI. A média de mortes é de 352 e o governo reforçou a necessidade de respeitar as medidas mais rígidas do “plano emergencial”, incluindo veto a cultos e jogos, além do toque de recolher, que começam a vigorar na segunda-feira.
Diante do agravamento da pandemia e mudança no perfil dos internados, o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, fez um apelo para que os jovens busquem atendimento médico, caso tenham sintomas. Ele ainda atualizou os dados sobre testes, que indicam 25% de prevalência do coronavírus na capital paulista. Ou seja, um quarto da população paulistana já teve contato com o vírus.
Com relação à educação – e a exemplo do governo estadual, que adiantou recessos previstos para abril e outubro –, a rede municipal adiantará o recesso de julho. Já as escolas particulares poderão dar férias ou continuar a dar aulas, mas só com ensino remoto. A volta de aulas presenciais só está autorizada, a princípio, para 5 de abril.
O secretário municipal de Educação, Fernando Padula, explicou que as escolas da Prefeitura estarão abertas na segunda e na terça-feira para explicar sobre o fechamento e oferecer merenda. Mas ele pediu que quem puder já fique em casa. “A rede privada pode adotar outra saída, mas não pode ter aula presencial a partir do dia 17”, completou o prefeito, Bruno Covas.
Procuradas, as escolas particulares de São Paulo informaram que devem oferecer aulas no modelo remoto. Parte já havia decidido suspender as atividades presenciais, como é o caso do Equipe, na região central. O Rio Branco também suspendeu atividades presenciais, após orientação do Hospital Sírio-libanês, que prestou consultoria à escola para orientar a reabertura no ano passado.
Segundo Arthur Fonseca Filho, presidente da Associação Brasileira das Escolas Particulares (Abepar), a decisão da Prefeitura não causou muito impacto porque as escolas já estavam restringindo as atividades presenciais e houve redução da procura dos pais. “Talvez não haja alternativa neste momento”, reconhece. Nesta sexta-feira, o Colégio Bandeirantes, na zona sul, anunciou a suspensão das atividades e a manutenção do modelo remoto. No Magno, na zona sul, as atividades presenciais devem ser suspensas a partir de terça-feira. O mesmo vale para o Franciscano Pio XII.
A decisão de suspender aulas desagradou, porém, ao sindicato dos colégios particulares. “O que podemos fazer é nos indignar e falar para ele (Covas) arrumar um lugar para deixar essas crianças, pegar os filhos dos profissionais de saúde e levar para a casa dele porque eram essas crianças que queríamos atender.” Mas a restrição é apoiada Luiz Antonio Barbagli, presidente do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-sp). “O professor não vai deixar de trabalhar, só vai trabalhar no meio remoto.”
As escolas da Prefeitura hoje têm cerca de 1 milhão de alunos, na maior rede municipal do País. Este mês, o sindicato dos professores decretou greve, contra a volta presencial. Mesmo assim, muitas escolas reabriram. De acordo com a gestão Covas, houve 500 surtos de síndrome gripal nas escolas municipais na última semana.
Novos leitos. Os 555 novos leitos anunciados pela Prefeitura se dividem entre vagas em UTI e enfermaria. Serão abertos 130 leitos de UTI na próxima segunda-feira nos Hospitais do M’boi Mirim, Guarapiranga e São Luiz Gonzaga. E 185 leitos de enfermaria nos Hospitais Cantareira, Capela do Socorro e Sorocabana. Além disso, haverá 240 leitos nos hospitais-dia do Município. Nessas unidades ficam suspensas as cirurgias eletivas.
Segundo o secretário Aparecido, os doentes com covid demoram mais tempo para se recuperar. “É quase o dobro de tempo de permanência (em relação à primeira onda)”, disse. Ele atribui essa diferença à nova variante, originária de Manaus, que está em circulação na capital paulista e já é predominante em vários Estados. Nesta sexta, a cidade tinha 83% de ocupação de leitos municipais de UTI e 76% dos leitos de enfermaria.
12h de espera. Lotados, os hospitais particulares na cidade de São Paulo também cancelam cirurgias eletivas, recusam pacientes e passam a atender dentro dos prontos-socorros. No Hospital Israelita Albert Einstein, na zona sul, houve caso de espera de 12 horas por um leito de terapia intensiva, segundo relatou uma gestora da unidade ao Estadão. “Antes desse cenário atual da covid-19, pacientes no Einstein nunca aguardaram por mais de duas horas por um leito”, diz Claudia Laselva, diretora de Operações e Práticas Assistenciais do Einstein. “É um cenário bastante complicado.”