O Estado de S. Paulo

País compra 10 milhões de doses da Sputnik V

• Vacina russa, ainda não aprovada na Anvisa, começa a chegar em abril. Ontem, os EUA negaram envio de suas doses a outras nações.

- Mateus Vargas / COLABOROU SANDRA MANFRINI

O Ministério da Saúde assinou ontem contrato para compra de 10 milhões de doses da Sputnik V, vacina contra a covid-19 desenvolvi­da pelo Instituto Gamaleya, da Rússia, e distribuíd­a no Brasil pela União Química.

Segundo o ministério, a ideia é receber 400 mil doses até o fim de abril, 2 milhões no fim de maio e 7,6 milhões em junho. A pasta afirma que só fará o pagamento pelas doses após a vacina receber autorizaçã­o emergencia­l de uso ou registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A autorizaçã­o para a compra da vacina já havia sido publicada em 20 de fevereiro e houve empenho (ato que antecede o pagamento) de R$ 693,6 milhões. Cada dose custou cerca de US$ 12.

Mais cedo, a Anvisa informou que ainda aguarda dados de segurança e eficácia da vacina, além do pedido da União Química para começar a análise de uso da Sputnik V. A eficácia do imunizante é de 91,6%, segundo dados publicados na revista científica The Lancet.

Há forte lobby político pelo imunizante. Na linha de frente da negociação com o governo, a União Química tem o ex-deputado Rogério Rosso (PSD-DF) e o ex-diretor da Anvisa Fernando Mendes. O dono da empresa, Fernando Marques, também tem bom trânsito com o poder público. Ele foi candidato no Distrito Federal ao Senado

em 2018 pelo Solidaried­ade, partido de Paulinho da Força, e também costuma financiar campanhas eleitorais.

Governador­es do Consórcio do Nordeste também negociam a compra do imunizante. Segundo o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), Pazuello se compromete­u a fazer a compra de mais 39 milhões de doses da Sputnik V, o que acabaria com a necessidad­e de compra pelo consórcio. O Ministério da Saúde não confirma ainda esta nova aquisição.

A diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou anteontem resolução que regulament­a a autorizaçã­o excepciona­l e temporária para a importação por Estados, municípios e o Distrito Federal de medicament­os e vacinas contra a covid-19 que ainda não possuam registro sanitário no Brasil, mas já estejam autorizada­s em outros países. A resolução está publicada em edição extra do Diário Oficial da União que circulou nesta quinta-feira. A decisão veio depois de o governo federal ter sancionado na quarta-feira três projetos que ampliam a capacidade de compra das vacinas contra a covid19 no País. Um dos projetos estabelece que a União, Estados, o DF e municípios assumirão os riscos referentes a eventos adversos pós-vacinação, condição exigida por laboratóri­os internacio­nais.

No País. A União Química também planeja produzir doses da vacina no Brasil, mas ainda não há certificaç­ão de sua fábrica para isso. No total, a ideia da empresa é entregar 150 milhões de unidades no ano. O ministério disse que ainda vai avaliar nas próximas semanas se fecha novo contrato com a farmacêuti­ca para compra das doses que devem ser produzidas no Brasil.

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FETHI BELAID / AFP–9/3/2021 Carregamen­to. Governador­es do Nordeste também negociam a compra do imunizante
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