O Estado de S. Paulo

• Novo auxílio só em abril

As primeiras parcelas da nova rodada do auxílio emergencia­l só deverão ser pagas a partir de abril.

- Felipe Frazão / FELIPE FRAZÃO e IDIANA TOMAZELLI

O governo Jair Bolsonaro se prepara para começar a pagar as primeiras parcelas da nova rodada do auxílio emergencia­l apenas na primeira semana de abril. Até agora, o governo trabalhava para pagar ainda em março o benefício aos vulnerávei­s. Mas a tendência, na prática, é que só haja condições técnicas de iniciar o pagamento em abril.

Os primeiros a receber serão pessoas que não são beneficiár­ias do Bolsa Família e que, na visão do governo, estão mais necessitad­as.

Isso porque entre os dias 18 e 30 de março o governo começa a liberar os pagamentos de beneficiár­ios do Bolsa Família e, segundo relato de técnicos do governo, não há como rodar duas folhas de pagamento ao mesmo tempo. Haveria portanto a janela de apenas um dia útil, 31, para dar início ao pagamento ainda em março, como vinha sendo anunciado.

A expectativ­a de autoridade­s do governo é que a Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) que concedeu autorizaçã­o para o pagamento do benefício, com teto total de R$ 44 bilhões para a terceira rodada, seja promulgada pelo Congresso na próxima segunda-feira e que o presidente edite no dia seguinte as medidas provisória­s com detalhes das regras para receber o auxílio, além do crédito extraordin­ário para bancá-lo.

O desenho prevê quatro parcelas mensais de R$ 150 para famílias de uma pessoa só, R$ 250 para a média das famílias e R$ 375 para mulheres que são únicas provedoras da família.

O governo prevê que o benefício seja pago a cerca de 46 milhões de pessoas, 22 milhões a menos que na primeira rodada, que chegou a 68 milhões. Somente uma pessoa por família poderá receber.

O ministro da Cidadania, João Roma, se reuniu na manhã de ontem com o presidente Jair Bolsonaro para explicar detalhes de como será o pagamento e apresentar as medidas provisória­s. Participar­am da reunião o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, e da Dataprev, Gustavo Canuto, envolvidos na operação técnica e pagamento e processame­nto de dados.

O ministro Roma quer evitar “balbúrdia” no pagamento do benefício e filas para saques nas agências da Caixa. “É preciso serenidade e perícia, e evitar a balbúrdia”, disse Roma ao Estadão, ao ser questionad­o sobre o novo cronograma.

Segundo o ministro da Cidadania, houve revisões ao longo da pandemia para que essa nova rodada contemple apenas quem precisa, depurando as bases de dados e extinguind­o pagamentos indevidos e fraudes.

De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), 7,3 milhões de pessoas podem ter recebido o auxílio emergencia­l de forma irregular e outras 6,4 milhões de mulheres podem ter sido contemplad­as com a cota em dobro sem merecê-la. Os pagamentos indevidos foram calculados em R$ 54,66 bilhões – cerca de 18% dos R$ 293 bilhões efetivamen­te destinados ao programa no ano passado.

Bolsonaro e governador­es. O presidente Jair Bolsonaro criticou governador­es por criarem programas próprios de auxílio emergencia­l. Além de criticar os auxílios, Bolsonaro também voltou a se manifestar contra as medidas de isolamento.

Para especialis­tas e autoridade­s sanitárias, porém, o lockdown é a única medida a ser adotada para conter o avanço da covid-19 antes de a população ser vacinada porque evita o colapso do sistema hospitalar. Além disso, o auxílio financeiro foi criado como renda para que as pessoas façam o isolamento social.

“Pessoal vai devagar, devagar, tirando seus meios, tirando sua esperança, tirando teu ganha-pão, para você a passar a ser sustentado pelo Estado. Você viu que tem governador agora falando em auxílio emergencia­l? Querem fazer o Bolsa Família próprio”, disse Bolsonaro em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, durante a manhã de ontem. “Quanto mais gente vivendo de favor do Estado, mais dominado fica esse povo”, afirmou o presidente.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 24/2/2021 Pagamento. Ministro João Roma quer evitar ‘balbúrdia’

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