O Estado de S. Paulo

Em janeiro, vendas do varejo recuam 0,2%

Agravament­o da pandemia, fim do auxílio emergencia­l e escalada no preço dos alimentos estão por trás do desempenho fraco

- Daniela Amorim

O varejo confirmou a perda de fôlego no início de 2021, afetado pelo recrudesci­mento da pandemia de covid-19, aliada ao fim do pagamento do auxílio emergencia­l e aos aumentos acumulados nos preços dos alimentos nos últimos meses.

As vendas, em janeiro, recuaram 0,2% em relação ao mês anterior, após perdas também em dezembro (-6,2%) e novembro (-0,1%), de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a.

No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, o volume vendido encolheu 2,1% em janeiro ante o mês anterior, depois de já ter diminuído 3,1% em dezembro.

“Por mais que as vendas online tenham avançado significat­ivamente desde o início da pandemia, o setor ainda depende primordial­mente das vendas presenciai­s. Portanto, o combate errático à crise sanitária tende a prolongar os níveis atuais de isolamento social”, previu o economista Fabio Bentes, da Confederaç­ão Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no relatório em que reduziu de 3,5% para 3,1% a expectativ­a de aumento no volume de vendas do varejo em 2021.

Na passagem de dezembro para janeiro, cinco das oito atividades que integram o varejo tiveram recuo nas vendas: livros e papelaria, vestuário e calçados, móveis e eletrodomé­sticos, supermerca­dos e combustíve­is.

Após meses de recordes de vendas, as perdas recentes fizeram o volume vendido em janeiro ficar 0,4% abaixo do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia. No varejo ampliado, as vendas operam 2,1% abaixo do prépandemi­a.

Em janeiro, 9,1% das empresas varejistas que integraram a pesquisa relataram que o isolamento social afetou a receita no mês. Em dezembro, essa proporção de empresas com queixas era de apenas 3,5%. A fatia de empresas afetadas vinha se reduzindo gradualmen­te desde maio do ano passado.

Em janeiro, as restrições ao funcioname­nto de atividades e à circulação de pessoas para conter a disseminaç­ão do novo coronavíru­s foram sentidas no varejo especialme­nte nos Estados de Amazonas e São Paulo, prejudican­do, sobretudo, o desempenho dos segmentos de vestuário, combustíve­is e móveis e eletrodomé­sticos.

O fim do pagamento do auxílio emergencia­l à população mais vulnerável e a inflação de alimentos tiveram reflexos negativos principalm­ente sobre a atividade de supermerca­dos, que vendeu 1,6% menos em janeiro ante dezembro. Apesar da perspectiv­a de um novo auxílio emergencia­l a ser pago pelo governo, o varejo ainda pode ser afetado por novas medidas de isolamento e lockdown, alertou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE.

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