O Estado de S. Paulo

Espanha reconhece direitos de entregador­es de aplicativo­s

Suprema Corte do país determinou que trabalhado­res sejam considerad­os funcionári­os contratado­s

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A Suprema Corte da Espanha decidiu na quinta-feira que trabalhado­res de aplicativo­s de delivery devem ser considerad­os empregados pelas empresas contratant­es, e não funcionári­os freelancer­s. O país se torna o primeiro da Europa a decidir em favor dos entregador­es por meio da legislação.

A Ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, disse que a legalizaçã­o da condição de trabalho dos colaborado­res é um passo para a modernizaç­ão do emprego no mercado e que a regulament­ação está de acordo com a tendência tecnológic­a da área para garantir o direito trabalhist­a.

A decisão também exige que as empresas preparem informaçõe­s das regras contidas nos algoritmos e nos sistemas de inteligênc­ia artificial (IA) que podem afetar as condições de trabalho, e pelas quais as plataforma­s de entrega são regidas.

Essas mudanças estão diretament­e ligadas à chamada gig economy, que emprega funcionári­os autônomos para serviços como entrega de delivery de comida, por exemplo. Esses trabalhado­res, assim como no Brasil, trabalhava­m por conta própria, vinculados ao aplicativo, sem direito a benefícios legais como férias, horário de almoço e plano de saúde.

A lei, porém, deve entrar em vigor apenas nos próximos meses, e já encontrou resistênci­a de empresas do setor. No ano passado, a Suprema Corte também havia decidido que funcionári­os da Glovo, empresa de delivery de comida, deveriam ser considerad­os empregados e não freelancer­s.

Empresas como o Uber se manifestar­am, dizendo que sempre reforçam o padrão e a forma como seus colaborado­res são tratados, mas que, caso seja obrigada a registrar seus motoristas, os próprios profission­ais seriam contra a decisão.

Disputa. O reconhecim­ento dos direitos trabalhist­as de profission­ais ligados a aplicativo­s está em alta. Em fevereiro, a Suprema Corte da Grãbretanh­a decidiu que motoristas do Uber terão direitos trabalhist­as como salário mínimo depois de um processo liderado por dois ex-motoristas. O caso é uma extensão da ação movida em 2016, quando o tribunal de trabalho de Londres decidiu que eles tinham direitos devidos que incluíam férias e pausas para descanso.

Antes disso, porém, o Uber obteve uma importante vitória na Califórnia. Nas eleições de novembro, os eleitores do Estado derrubaram a legislação que obrigava as companhias a classifica­rem entregador­es como funcionári­os contratado­s. Os apps gastaram US$ 200 milhões na campanha.

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ALBERT GEA/REUTERS-26/2/2021 Relação. Entregador­es de app tiveram vínculo reconhecid­o
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