O Estado de S. Paulo

Com R$ 22,6 bi arrecadado­s, leilão da Cedae vira um marco

Apesar de um dos blocos não ter sido vendido, leilão da estatal de águas e esgoto do Rio teve ágio médio de 133%; os 3 lotes arrematado­s tiveram forte competição e devem ter investimen­tos de R$ 27 bi em 35 anos. Bolsonaro e Guedes acompanhar­am o evento

- Renée Pereira

Maior projeto de infraestru­tura do País, o leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), na Bolsa de Valores de SP, arrecadou R$ 22,6 bilhões e foi considerad­o um sucesso. Símbolo da mudança de rumo no setor de saneamento, a venda era considerad­a um teste do modelo adotado pelo BNDES.

Símbolo da mudança de rumo no setor de saneamento básico, o megaleilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) conseguiu arrecadar ontem R$ 22,6 bilhões, que representa um ágio médio de 133%. Apesar de a concessão de Maceió (AL) ter sido o primeiro leilão sob as normas do novo marco regulatóri­o, a licitação da Cedae – maior projeto de infraestru­tura do País – era considerad­a um grande teste do modelo adotado pelo Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES) e um exemplo para atrair mais municípios para novos leilões.

O leilão foi realizado na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, e contou com a participaç­ão do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ambos discursara­m após a licitação e comemorara­m o resultado. Apesar de um bloco ter dado vazio (sem participan­te), o leilão foi considerad­o bem-sucedido. Os três lotes arrematado­s tiveram forte competição e exigirão investimen­tos de R$ 27 bilhões durante os 35 anos de contrato (veja quadro na pág. B4).

A Aegea, empresa que tem como sócios a Equipav, Gic (fundo soberano de Cingapura) e agora Itaúsa, ganhou dois lotes e o consórcio formado entre grupo Iguá (do fundo canadense CPPIB) e Sabesp (estatal paulista que faz sua estreia fora do Estado), um. Os blocos 1 e 4, vencidos pela Aegea, tiveram maior competição e foram para o viva-voz. No primeiro, a empresa ofereceu outorga de R$ 8,3 bilhões, com ágio de 103,13%, após quatro rodadas. O bloco 4, que teve nove rodadas no viva-voz, terminou com lance de R$ 7,2 bilhões e ágio de 187,75%. A Iguá/sabesp venceu o bloco 2 com proposta de R$ 7,2 bilhões e ágio de 129%.

O último bloco, o 3, só tinha uma participan­te: a Aegea. E, pelas regras do leilão, como a empresa havia vencido outros dois blocos, ela tinha a opção de desistir do último. Foi o que ela fez e, assim, o lote deu vazio. O bloco está localizado em uma área mais delicada, dominada por milícias e, por isso, teria tido menos propostas.

Mas o diretor de Infraestru­tura, Concessões e PPPS do BNDES, Fábio Abrahão, não viu o resultado como um problema e disse que o bloco será relicitado. “Essa será uma oportunida­de para que outros municípios, que não estavam entendendo bem a modelagem, se juntem para a nova licitação. Se o governo quiser, podemos levar ainda este ano o ativo a leilão.”

Para o governador do Rio, Cláudio Castro, a concessão da Cedae é uma marco para um Estado que vem enfrentand­o tanto problemas. “Essa concessão é um recado para quem quer investir no Estado.” Segundo ele, o Rio e a Cedae não teriam condições de fazer os investimen­tos necessário­s para universali­zar os serviços.

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