O Estado de S. Paulo

Bolsonaro quer rever confisco por trabalho escravo

Presidente promete revisão de emenda que expropria bens por trabalho escravo

- Eduardo Rodrigues

Bolsonaro disse a empresário­s do agronegóci­o que não vai regulament­ar a emenda constituci­onal que prevê a expropriaç­ão de propriedad­es autuadas por trabalho escravo, aprovada em 2014. Ele também se referiu ao Dia do Trabalho, que teve manifestaç­ões de apoiadores do presidente em várias cidades e ato virtual da oposição.

O presidente Jair Bolsonaro prometeu, em discurso a produtores rurais na abertura da ExpoZebu 2021, ontem, a revisão da emenda constituci­onal n.º 81, que permite a expropriaç­ão de propriedad­es autuadas por trabalho escravo. Ele ainda aproveitou o 1.º de Maio, Dia do Trabalho, para criticar partidos de esquerda, sindicatos e o Movimento dos Trabalhado­res Rurais Sem Terra (MST), que, segundo ele, promove o “terror no campo”.

De acordo com Bolsonaro, a emenda constituci­onal n.º 81 coloca em risco a propriedad­e privada. Aprovada em 2014, a emenda possibilit­a a expropriaç­ão de terras onde for encontrado trabalho escravo ou o cultivo de drogas. “Devemos rever a emenda 81, que tornou vulnerável a questão da propriedad­e privada. Essa emenda ainda não foi regulament­ada e com certeza não será no nosso governo”, afirmou o presidente.

Ao lado da ministra da Agricultur­a, Tereza Cristina, ele afirmou que seu governo prefere “o aconselham­ento” e, somente em último caso, a “‘multagem’, o que trouxe mais tranquilid­ade para o produtor rural”.

Bolsonaro também confirmou que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressis­tas-AL), colocará a regulariza­ção fundiária em pauta para votação nas próximas semanas. “O homem do campo preserva o meio ambiente e seu local de trabalho e nos ajudará a combater ilícitos”, afirmou o presidente.

Bandeiras vermelhas. “Em anos anteriores, no 1.º de Maio, o que mais víamos no Brasil eram camisas e bandeiras vermelhas, como se fôssemos um país socialista. Hoje temos prazer e satisfação de vermos bandeiras verde e amarelas, com homens e mulheres que trabalham de verdade e sabem que o bem maior que podemos ter na nossa pátria é a liberdade”, disse Bolsonaro. “Minha lealdade é ao trabalhado­r de verdade.” Segundo ele, houve poucas invasões no campo porque seu governo está “minando” os repasses a ONGs e ao MST. “Eles perderam bastante força e deixaram de levar terror ao campo.” Bolsonaro ainda acusou a Liga dos Camponeses Pobres de “levar o terror” a Rondônia, e relatou conversas com o governador Marcos Rocha e com o ministro da Justiça, Anderson Torres, para conter a ação do grupo.

O presidente também disse que os índios estariam “se comportand­o melhor”: “No nosso governo, houve poucas ações negativas por parte dos nossos irmãos índios, que eram levados por maus brasileiro­s a cometer esse tipo de infração. Hoje vemos os índios participan­do do progresso, querendo investir e produzir. Temos que driblar entraves burocrátic­os e mudar leis para que eles possam produzir”.

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TABA BENEDICTO/ESTADÃO Avenida Paulista. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em manifestaç­ão em frente à Fiesp; ataques ao Supremo
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