Com apelo por ‘união’, evento mira 2022
Encontro virtual pelo Dia do Trabalho reúne líderes políticos e tem críticas ao presidente Jair Bolsonaro
O apelo por uma “união de forças” para “derrotar” o bolsonarismo deu a tônica do evento virtual em celebração ao Dia do Trabalho, promovido por centrais sindicais. A live, com mensagens de líderes políticos, também foi usada indiretamente como palanque eleitoral.
Sob as bandeiras da defesa da democracia, emprego, vacina, auxílio emergencial de R$ 600 e críticas ao presidente Jair Bolsonaro, artistas, sindicalistas e adversários políticos participaram do evento por meio de vídeos transmitidos ao longo de mais de três horas.
Um dos principais nomes da chamada “terceira via”, Ciro Gomes (PDT) classificou o contexto deste 1.º de Maio como “o pior momento da história brasileira”. Ele foi o primeiro do evento a destoar dos demais ao aparecer na tela com um vídeo com edição profissional, num ensaio para o horário eleitoral de 2022.
Numa alfinetada no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e possíveis “outsiders” dispostos a concorrer em 2022, Ciro disse que “só sairemos desse círculo vicioso” se, entre outras coisas, “não nos iludirmos com fogos de palha que rapidamente queimam nossas esperanças”.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse que a unidade das centrais sindicais na realização do evento (o segundo neste formato) é um indicativo de dias melhores: “É um importante sinal de esperança, sinal de fé e sinal de dias melhores na nossa Pátria”.
Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff e Lula dedicaram a maior parte de seus discursos a comentar a situação econômica do País. “A questão fundamental do nosso país, hoje, é reabrir a economia de modo tal que ela possa permitir que nós tenhamos trabalho e renda para nossas famílias”, disse FHC. Assim como Ciro, Lula apareceu na tela num visual de horário eleitoral. “Já estivemos nas sete maiores economias, mas hoje descemos ladeira abaixo e somos a 12.ª”, destacou o petista.
Intervenção militar. Apoiadores de Bolsonaro também realizaram atos em diversas capitais que tiveram em comum ataques ao Supremo. Após criticar as centrais sindicais pela manhã (mais informações nesta página), Bolsonaro sobrevoou de helicóptero uma manifestação que ocupou o gramado em frente ao Congresso, onde o público segurava faixas e gritava frases pró-intervenção militar. Um dos motes era “Bolsonaro, eu autorizo”, em referência a uma fala do presidente do dia 14 de abril, em que disse que esperava “um sinal do povo” para agir. No solo, de cima de um trio elétrico, diversos parlamentares bolsonaristas discursaram para os manifestantes aglomerados. Eduardo Bolsonaro também participou da manifestação. Uma carreata em apoio ao presidente ocupou as faixas do Eixo Monumental.
Em São Paulo, a reunião bolsonarista teve críticas ao governador João Doria (PSDB). “A raiz do mal no nosso país está no STF”, disse o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) em um caminhão de som. No Rio, apoiadores do presidente se aglomeraram na Avenida Atlântica.